Maçãs do Vale do São Francisco chegam ao mercado em 2016

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Uma pesquisa iniciada há seis anos no polo Petrolina - Juazeiro, região do Vale do São Francisco, em pleno semi árido, começa, literalmente, a dar frutos: são maçãs, peras e caquis que enchem os galhos das árvores e que começam a abastecer as mesas nordestinas a partir de 2016.

O engenheiro agrônomo e pesquisador Paulo Roberto Coelho Lopes, coordenador do projeto de implantação destas novas frutíferas no semiárido irrigado, está levando o trabalho para a Chapada Diamantina e, a depender da liberação de recursos, para a área do Salitre, em Juazeiro.

O trabalho é resultado da parceria entre a Embrapa Semiárido e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para desenvolver, no Submédio São Francisco.

Desafio

Paulo Roberto explica que o projeto iniciado em 2008 ainda está em fase de pesquisa, mas que o maior desafio foi adaptar frutas que exigem até 350 horas de frio de 7,2° C ao calor do semi árido. No caso da maçã, as variedades eva, princesa e julieta apresentaram os melhores resultados.

A produção média fica entre 15 a 20 toneladas por hectare. Mas, macieiras após dois anos de plantadas alcançaram a média de produção de 40 toneladas por hectare, no lote do agricultor Andrea Pavesi, em Senador Nilo Coelho, em Petrolina.

"A condição climática na verdade mostrou-se muito favorável porque além da produtividade, uma quantidade muito pequena de pragas se desenvolve nas árvores", diz o pesquisador.

Manejo

Paulo Roberto diz ainda que o desempenho é muito superior ao da média desse cultivo no sul do país, onde o clima mais frio e chuvoso favorece a fruta: na região a produção varia em média entre 12 a 15 toneladas por hectare/ano.

Entretanto, o caminho para obter esse sucesso passou por muito estudos e testes feitos pela equipe de 15 pesquisadores comandados por Paulo Roberto. Era preciso responder a perguntas como qual a adubação adequadas, qual o melhor sistema de produção e como seria feito o manejo de água.

O trabalho é desenvolvido numa área de dois mil hectares, com solo arenoso e com sistema de irrigação do tipo gotejamento, explica Paulo Roberto. A maçã foi a fruta que apresentou os melhores resultados. O manejo para produção de pera é similar, mas a pereira demora mais tempo para entrar em processo de produção.

"O caqui tem um plantio totalmente diferente, mas enquanto no sul e sudeste as árvores demoram entre seis a oito anos para produzir, no nordeste esse prazo é de quatro anos", salienta o pesquisador.

Características

Segundo os testes, a melhor época para a colheita da maçã ocorre entre os meses de agosto e setembro. Por este motivo, nessa terceira safra da experiência, será feita a antecipação da colheita diferente das primeiras safras, colhidas em novembro e dezembro.

O produtor Milton Bin planta em área irrigada do Nilo Coelho (PE) e pretende levar a experiência para uma área do Salitre, em Juazeiro (BA), perímetro também implantado e administrado pela Codevasf.

Milton Bin é um grande entusiasta da nova fase da fruticultura regional do polo Petrolina-Juazeiro e também tem área testada com pera, maçã e caqui.

Ele acredita que o caqui é considerado a mais exótica para a região, das culturas em experiência, e deverá ser a que agradará mais o gosto local.

Produtores comemoram o sucesso obtido na região

“Acreditei no projeto e vejo que a região tem potencial produtivo. A maçã já tem seu processo consolidado.

O plantio da fruta começa no próximo ano e em 2016 já teremos maçã nordestina do Vale do São Francisco no mercado”, aposta o produtor André Pavesi.

Pavesi, 50 anos, agricultor e engenheiro agrônomo, tem 30 anos de sua vida dedicados a produzir no Vale do São Francisco, e possui uma das áreas abrangidas pela pesquisa.
Ele possui um lote empresarial com 60 hectares produzindo uva e manga.

Desde 2011, Pavesi cultiva meio hectare de maçã e meio hectare de pera dentro do projeto de viabilização das novas culturas para a região do São Francisco.

Comercialização

Parte da produção de maçã da propriedade de Pavesi já foi comercializada em Irecê no ano passado, por um comprador de frutas que pediu exclusividade na próxima safra, informou o pesquisador Paulo Roberto.

De cinco variedades testadas para o plantio da maçã nos perímetros irrigados, duas serão postas no mercado: eva e princesinha.




Veículo: A Tarde - BA


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