Apesar dos resultados modestos no ano passado, 59,9% dos lojistas belo-horizontinos começaram 2014 otimistas. O principal motivo, segundo pesquisa realizada pela Fecomércio sobre expectativas para o primeiro semestre do ano, é a confiança na recuperação da economia, apontada por 34,1% dos entrevistados.
Para outros 24,7%, as melhores expectativas são com a Copa do Mundo, enquanto para 9,4% deve-se ao nível mais baixo de desemprego. Para outros 9,4%, a confiança vem das medidas que o governo federal vem adotando.
No entanto, o economista Gabriel Andrade Ivo faz uma ressalva. "A expectativa dos 34,1% com a recuperação da economia refere-se ao desempenho dos Estados Unidos e à Europa, que pode favorecer o país, com aumento das exportações e produção", analisa.
Segundo ele, os atuais indicadores do Brasil, como uma inflação em 2013 a 5,9% em Belo Horizonte, uma desvalorização cambial preocupante, aumentos sucessivos da taxa básica de juros (Selic) e um Produto Interno Bruto (PIB) de 0,9%, não permitem uma projeção muito otimista em relação à economia brasileira, inclusive para o comércio.
"A Copa do Mundo, por si só, não vai tirar os lojistas das dificuldades", analista, ressaltando que há muitas dúvidas em virtude das eleições gerais, em outubro. "A economia tem que ser modificada, com ênfase na qualificação da mão de obra, para aumentar a produtividade, e investimentos em infraestrutura", defende.
Liquidações - Para compensar as vendas modestas no ano passado, uma parcela significativa dos lojistas (77,2%) disse que vai lançar mão das promoções e liquidações. A estratégia é justificada. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) apurou que, no país, houve uma sobra de 10,1% nos estoques.
"Os estoques estão altos e quem conseguir realizar boas vendas poderá minimizar a queda apurada no ano passado", observa. Segundo o economista, as ações já começaram, sendo possível perceber nas ruas da capital mineira um movimento atípico de liquidações e consumidores.
"Este janeiro de 2014 será muito diferente. Inclusive, vamos fazer uma pesquisa para apurar as vendas no período", informou. Outros 10% dos lojistas esperam aumentar as vendas este ano com melhoria de atendimento, enquanto para 7,2% a estratégia será investir na visibilidade da loja, com atrativos na vitrine.
Entre os fatores que podem inibir o consumo no primeiro semestre, 71,2% indicaram o medo do desemprego, enquanto outros 16,4% apontaram o endividamento. A inflação é preocupação para 9% dos lojistas, além dos preços altos (2,3%), fim da desoneração do IPI (1,7%) e juros altos (0,6%). Para 89% dos lojistas, a forma predominante de pagamento será cartão de crédito.
Veículo: Diário do Comércio - MG