Queda de preços de produtos agrícolas já não é capaz de segurar a inflação

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A queda de preço dos alimentos no mercado internacional chegou ao fim, sem que tenha sido percebida pelo consumidor brasileiro. A inflação de junho medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas, foi influenciada, sobretudo, pela variação de preços dos produtos agropecuários no atacado, enquanto, no varejo, os preços dos alimentos permanecem subindo.

O IGP-M avançou 0,75%, após ficar estável em maio, com destaque para a soja (de 3,11% para 11,38%), valorizada no mercado internacional durante a entressafra norte-americana. No produtor, os preços cresceram 0,68% e acumulam alta de 0,59% no ano. Enquanto, para o consumidor, a inflação foi de 0,39% e, no ano, de 3,35%.

Não há mais espaço para deflação de alimentos neste ano, alerta o economista-chefe da consultoria Opus, José Márcio Camargo. “Se a queda dos preços de alimentos influenciou tão pouco os índices ao consumidor, como o IPC e o IPCA (indicador oficial de inflação), é de se imaginar que eles ficarão pressionados com uma retomada (no atacado)”, argumenta Camargo.

Adriana Molinari, economista da consultoria Tendências, também acredita que o IPCA deverá sentir os impactos tanto dos preços dos grãos, como do dólar. Segundo ela, as carnes, itens que não têm valorizado até agora, serão os primeiros a serem influenciados. A ração dos animais, que utiliza grãos como insumo, é o motivo. “O repasse não será tão significativo, mas o complexo carnes deve ficar pressionado. Sobre o câmbio, o que pode mudar é uma acomodação do dólar em patamares mais próximos de R$ 2,10, que evitaria maiores pressões”, avalia.

Preços ao setor produtivo caíram em maio, mas devem subir
 
A expectativa é que o câmbio influencie o preço ao produtor no próximo mês. O Índice de Preços ao Produtor (IPP) de maio, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda aponta desaceleração. A taxa foi de 0,28%, ante 0,40% em abril e de 1,69% em maio de 2012.

Com a desvalorização do real, entretanto, essa trajetória deve ser invertida. Os itens químicos, principais insumos do setor de limpeza devem ser os primeiros a refletir a alta do dólar, devido à dependência dos importados. Em maio, eles caíram 1,18% em relação a abril, segundo o IPP.

Para Camargo, diante das indicações do relatório Banco Central atuará com firmeza para conter a inflação. Ele aposta numa elevação da Selic entre 0,75 ponto percentual e 1 pp na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Ele afirma que medidas mais rígidas por parte da autoridade monetária precisam ser tomadas.




Veículo: Brasil Econômico


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