Manifestação piora cenário para o varejo

Leia em 3min

Os estragos e o fechamento antecipado de lojas provocados pelas manifestações desenham um cenário negativo para varejistas no fim deste segundo trimestre. Ainda que os analistas reconheçam que o impacto sobre as vendas possa ser pontual e, por ora, difícil de mensurar, os protestos somam-se à desaceleração do consumo das famílias e ao endividamento já elevado da população.

Pelas contas do BTG Pactual, o fechamento de lojas nas principais capitais do país durante os cinco dias de protestos mais intensos durante a semana passada deve provocar uma redução entre 1% e 2% nas receitas das grandes varejistas, num efeito considerado "marginal" pelo banco.

A Citi Corretora, é mais pessimista em relação ao setor. "Duas semanas de tráfego das lojas interrompido nas lojas não significariam muita coisa para o valor das empresas. Mas associado à fuga de capitais de mercados emergentes e ao recuo na confiança do consumidor por causa dos dados macroeconômicos brasileiros, acreditamos que qualquer queda nos lucros por causa dos protestos será significativo para as ações", dizem os analistas Stephen Graham e Nicolas Riva.

Em relatório intitulado "As pessoas não compram durante protestos", eles disseram que as manifestações tendem a manter as pessoas dentro de casa. A expectativa é que com o trânsito gerado pelas marchas, a população evite pegar o carro para ir a shopping centers e optem por fazer compras em mercados de bairro.

Nesse sentido, as empresas mais afetadas seriam varejistas têxteis como Renner , Marisa e Hering, bem como as administradoras de shopping centers, que perderiam com a receita gerada por meio de volume de vendas. As redes de restaurantes também podem ter o movimento comprometido durante o segundo trimestre, avalia o banco.

Marcelo Prado, consultor do Instituto de Marketing Industrial (Iemi), lembra que muitos protestos começaram no fim da tarde, justamente no horário de pico das vendas de varejo em dias de semana. Diz que certamente haverá reflexo negativo nas vendas, principalmente de vestuário.

O Iemi projeta crescimento de 3,8% no volume de vendas do varejo de vestuário este ano e de 5,5% no faturamento. "Deve ficar abaixo da inflação, pois as categorias que mais crescem são as de menor valor", disse Prado.

Para o Banco Fator, é "razoável" considerar algo entre zero e queda de 5% nas vendas mesmas lojas da Marisa no segundo trimestre. Os analistas Renato Prado e Taís Novaes dizem que ainda é cedo para precisar os impacto das manifestações nos resultados das empresas. No entanto, "o viés [dos protestos] é claramente negativo em função da queda no fluxo de consumidores nas lojas e efeito negativo em termos de vendas mesmas lojas".

Segundo o Fator, a confiança do consumidor é o aspecto mais importante a ser considerado agora. O banco projeta dois cenários, opostos, possíveis: retração nas vendas em função de alguma mudança no padrão de consumo ou aceleração de vendas decorrente da postergação das compras.

Após reunião com o presidente da Renner, o Santander afirmou que a direção já mostrou preocupação com o efeito do fechamento de algumas lojas durante as manifestações das últimas duas semanas. Os analistas do banco recomendam aos clientes que fiquem fora das ações de varejo no curto prazo e projeta resultados fracos para as empresas do setor no segundo trimestre.

Em visita ao Brasil nesta semana, o presidente mundial do Carrefour, o francês George Plassat, também questionou a direção da rede de hipermercados no país sobre as manifestações de rua no país. O comando da rede afirmou, no entanto, que as manifestações não teriam prejudicado as vendas.



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Consumidor prefere lojas perto de casa

Ainda pouco adotado no Brasil, o modelo de shopping de vizinhança tem boas perspectivas de ser replicado nas prin...

Veja mais
Oferta abundante faz preços do café caírem ao patamar de 2007

Depois de superarem US$ 3 por libra-peso em 2011, os preços futuros do café na bolsa de Nova York voltaram...

Veja mais
Paraguai ataca Brasil na OMC por suspensão no Mercosul

O Paraguai resolveu denunciar sua suspensão no Mercosul diante dos demais 157 países-membros da Organiza&c...

Veja mais
China reclama de excesso de medidas antidumping contra seus produtos

A China, maior parceiro comercial do Brasil, questionou o país sobre a existência, ou não, de orient...

Veja mais
Para analistas, IGP-M trará alta agrícola

A alta de grãos no mercado externo, aliada à depreciação cambial ocorrida desde maio, vai el...

Veja mais
Milho brasileiro chega ao menor preço em três anos

SÃO PAULO - O preço do milho brasileiro atingiu esta semana seu menor patamar em três anos, aponta o...

Veja mais
CNA faz proposta para garantir oferta de feijão

BRASÍLIAA decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) de zerar o imposto para importa&cced...

Veja mais
Aumento da classe média contribuiu para alta do comércio no Nordeste

SÃO PAULO - A expansão da classe média impulsionou o crescimento do varejo nas regiões Norte...

Veja mais
Pague Menos investe R$ 800 mi em 400 lojas

As Farmácias Pague Menos dão novo fôlego ao seu projeto de expansão orgânica e anunciam...

Veja mais