Setor eletroeletrônico descarta mudanças

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País importa maioria dos componentes que utiliza, o que eleva o déficit comercial

 

No segmento de eletroeletrônicos, tanto a redução quando o aumento das alíquotas de importação são vistos com desconfiança. Argumenta-se que a primeira opção seria inócua no combate à inflação (o setor apresenta deflação há meses) e poderia tornar maior o já elevado déficit da balança comercial de produtos eletroeletrônicos.

 

Por sua vez, o reajuste para cima das alíquotas combateria o excesso de importações, mas causaria aumento de preços. Frente a esses impasses, os fabricantes esperam que os impostos permaneçam no patamar atual e que o governo opte por medidas de longo prazo, como a criação de políticas de incentivo à pouco expressiva indústria nacional de componentes.

 

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o déficit da balança comercial de produtos eletroeletrônicos foi de US$ 3,6 bilhões no primeiro bimestre deste ano. O resultado é 62% superior ao verificado no mesmo período de 2009, ano no qual a balança comercial ficou negativa em US$ 17,5 bilhões. Mais da metade desse total — US$ 10 bilhões — devem-se à importação de componentes .

 

“Em média, 70% dos custos de fabricação de produtos como celulares e computadores são decorrentes da importação de componentes”, diz Benjamin Sicsú, vice-presidente de novos negócios da Samsung. “A indústria eletroeletrônica brasileira é montadora”, afirma. “Precisamos de uma política de atração de fabricantes de componentes.”

 

Tiro no pé

 

Sicsú também é contrário ao aumento das alíquotas de importação, principalmente os relacionados a componentes. “É um tiro no pé. Quando uma indústria não existe no Brasil, medidas assim elevam os custos de produção”, diz. Segundo o executivo, mantidas as atuais condições , a tendência é de redução de preços do produtos eletroeletrônicos. A afirmação é confirmada pela evolução do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que indica que o setor de eletrodomésticos apresenta deflação há muito tempo. Nos últimos 12 meses, ela foi de 2,13% .

 

Discurso similar tem o presidente da Abinee,Humberto Barbato. Segundo ele, não há inflação dentro do setor eletroeletrônico, que opera bemabaixo da sua capacidade produtiva máxima. “Ainda não chegamos aos mesmos números que tínhamos quando a crise começou”, afirma. Isso significa que as indústrias poderiam ampliar a produção em caso deumaumento aindamais vigoroso de demanda.

 

A economista e professora da FGV Virene Roxo Matesco também desconfia de possíveis benefícios de uma possível redução das alíquotas. “A previsão para déficit brasileiro em transações correntes é R$ 50 bilhões neste ano. Alíquotas de importação menores aumentarão esse resultado, fragilizando as contas externas”, diz.

 

Veículo: Brasil Econômico


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