Novos negócios mudam perfil do varejo de alimentos

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Aquisição do Ponto Frio levou o Pão de Açúcar de volta à liderança no ranking da associação de supermercados

 

O setor de supermercados mudou. Lojas de eletroeletrônicos, drogarias, postos de gasolina e até mesmo shoppings vêm alavancando os resultados de redes tradicionais em alimentos. A edição do 33º ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) deixa claro esse novo perfil. O Grupo Pão de Açúcar recuperou a liderança coma aquisição das lojas de eletroeletrônicos Ponto Frio, no ano passado, que inseriu R$ 2,9 bilhões em seu faturamento anual, totalizando R$ 26,2 bilhões. Desse valor, a atacadista Assai foi responsável por vendas brutas de R$ 2,2 bilhões. E se consideradas as vendas da Casas Bahia, o resultado chegaria a pelomenos R$ 40 bilhões.

 

O Carrefour ficou em segundo lugar commovimento de R$ 25,6 bilhões, uma diferença pequena em relação à líder, de R$ 600milhões. Parte do resultado veio das vendas do Atacadão. A compra da rede de atacado pelo Carrefour em 2007 foi um dos principais passos dessa mudança no setor. Na ocasião, o Carrefour elevou seu faturamento de R$ 12,5 bilhões em 2006, para R$ 19,3 bilhões no ano seguinte. Na época estimavase que a rede de atacado teria um faturamento de pouco mais de R$ 5 bilhões. Esse resultado nunca foi confirmado, uma vez que o Atacadão há tempos não participa do ranking da Associação Brasileira de Atacado (Abad), e o Carrefour optou por não informar estes dados à entidade. O Pão de Açúcar também não divulga dados do Assai para a Abad.

 

Não são só as duas gigantes que apostam na diversificação de negócios.Amaior parte das redes trabalha no comércio eletrônico, cuja grande parcela das vendas está baseada nas linhas de ele- Novos negócios
mudam perfil do varejo de alimentos Aquisição do Ponto Frio levou o Pão de Açúcar de volta à liderança no ranking da associação de supermercados troeletrônicos. Farmácias também são comuns. O Walmart conta com uma rede de atacado, a Maxxi, além de pilotos de outros serviços que são tradicionais nos Estados Unidos, como as clínicas médicas. A Zaffari, quarta maior do ranking, tem inclusive um shopping. E vale lembrar que a rede Pão de Açúcar promete diversificar ainda mais os negócios.

 

A entrada dos novos segmentos nos resultados foi devidamente negociada pela entidade juntamente às demais redes de supermercados. Porém, o ranking terá esta configuração apenas neste ano. No final do mês, a Abras deve divulgar uma prévia do que será o ranking da entidade em2010, já dividido pelos novos canais que impactam nas vendas dos supermercados, como alimentos, eletros, drogarias, postos de gasolina.

 

Com este cenário, a maior varejista de alimentos só deverá ser conhecida no ano que vem. Eugênio Foganholo, diretor da Mixxer, consultoria especializada em varejo, acredita que o primeiro colocado em alimentos será o Walmart. “Se compararmos apenas as redes de alimentos de cada grupo, o crescimento doWalmart é mais expressivo”, afirma o consultor considerando a receita divulgada nos anos de 2008 e 2009. Segundo ele, a rede Pão de Açúcar cresceu 11,88%, o Carrefour 14,03% e o Walmart 16,36%. Essa comparação exclui os números do Ponto Frio.

 


Novos negócios

 


Para Foganholo, novas mudanças devem ocorrer nos próximos anos. O Atacadão por exemplo deve ultrapassar o faturamento do hipermercado Carrefour até 2011. Apesar do grupo não divulgar os resultados anuais separadamente, o consultor afirma que os próprios fornecedores já estão faturando um volume de pedidos semelhantes para os formatos supermercado e atacado.

 

América Latina impulsiona alta do Casino

 

Vendas em lojas abertas há pelo menos um ano subiram 11% na América do Sul; e 5,3% na Ásia

 

A rede Casino Guichard-Perrachon, maior proprietária de supermercados da França, informou que as vendas do primeiro trimestre subiram 5,6%, impulsionadas por ganhos naAmérica Latina e Ásia. O grupo informa que a receita aumentou para € 6,61 bilhões, ante € 6,26 bilhões no mesmo período do ano anterior. O resultado superou as expectativas de mercado, que eram de € 6,55 bilhões. Parte do bom desempenho é creditada às operações da América Latina e da Ásia. As vendas em lojas abertas há pelo menos um ano subiram 11% na América do Sul;e 5,3% na Ásia. No Brasil, o grupo é sócio do Pão de Açúcar, mas, segundo a empresa, Colômbia e Argentina também contribuíram para a expansão.

 

“Esperamos que as vendas continuem boas no Brasil, com crescimento de dois dígitos sobre a mesma base de comparação”, afirmou Jaime Vazquez, analista do JPMorgan Chase, em Londres, em relatório divulgado antes dos resultados da rede francesa.

 

As vendas, excluindo aquisições e mudanças de moeda, aumentaram 13% na América do Sul e 7,3% na Ásia, afirmou o Casino. As lojas Exito, que pertenciam ao grupo na Venezuela, foram estatizadas pelo governo este ano.

 

Intenção de compra recua no trimestre

 

Porém, na comparação com o período entre abril e junho de 2009, os consumidores estão mais dispostos a adquirir bens duráveis e semiduráveis

 

O consumidor vai comprar um pouco mais neste segundo trimestre. Esta é uma das conclusões da pesquisa trimestral do Programa de Administração do Varejo (Provar). Dos 500 entrevistados na cidade de São Paulo, entre os dia 15 e 26 de março, 74,6% responderam que têm a intenção de comprar pelo menos um bem durável ou semidurável entre os meses de abril e junho, ante 72,4% no mesmo período do ano anterior. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, houve um recuo de 2,6 pontos percentuais.

 

Como explica Nuno Fouto, coordenador de pesquisas do Provar, esta redução ocorreu porque o primeiro trimestre foi atípico, com um consumo bastante elevado. “O período costuma ter vendas interessantes,
as liquidações estão entre os motivos. Mas nestes primeiros meses do ano tivemos um consumo bastante elevado”, diz Fouto. Um dos motivos foi a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para algumas categorias.

 

Outra conclusão importante do estudo foi o aumento da influência dos prazos médios e dos juros na decisão da compra. Até o ano passado, o fator renda era mais importante que o financiamento no momento da aquisição de um bem de maior valor. “Os prazos estão maiores e o juros menores. Existe a tendência de aumento da Selic, mas o juro na ponta, que é o que importa para o consumidor, continua baixo”, afirma o especialista.

 

Mais vendidos

 


A pesquisa revela que a categoria de cine e foto lidera a intenção de compras, com 12,4% de intenção de compra, seguido por telefonia e celular (12,2%) e informática (11,4%). Na internet, os produtos mais procurados devem ser eletroeletrônicos (30,2%), informática (27,7%) e CD’s, DVD’s e livros (22,9%). “CD’s e DVD’s têm tradição de vendas pela internet, mas uma categoria que vem ganhando destaque neste canal é a linha branca”, afirma Fouto.

 

Porém, as vendas on-line não andam muito bem, segundo o estudo. A pesquisamostra que80,7% dos consumidores ouvidos devem comprar algum produto pela internet neste segundo trimestre, enquanto no mesmo período de 2009, este percentual foi de 87,3%. “Uma das explicações para essa redução expressiva seria o alto consumo verificado neste canal nos últimos tempos”, afirma.

 

O coordenador do Provar lembra que o consumidor da internet não pode ser comparado ao comprador tradicional, porque este canal de venda é formado, predominantemente, por pessoas com nível de renda elevado. “A tendência geral para o varejo no segundo trimestre é bastante positiva, visto que temos uma das datas mais importantes do comércio, o dia das Mães.”

 

Veículo: Brasil Econômico

 


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