Indústria é contra a queda na taxa alfandegária

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Entidades setoriais argumentam que ainda há capacidade ociosa para atender ao aumento da demanda.

 

A possibilidade levantada pelo Ministro da Fazenda, Guido Mantega, de o governo brasileiromexer emtarifas de importação para reduzir pressões inflacionárias, não é vista com bons olhos pela indústria. De modo geral, a avaliação é a de que seria um erro utilizar instrumentos de política comercial para resolver questões macroeconômicas do país. “É algo que poderia causar outros tipos de distorção na economia”, afirma Flávio Castelo Branco, economista- chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

 

Até porque, na avaliação da entidade, se há pressões inflacionárias, elas não vêm do setor industrial. “Demodo geral, ainda  estamos dois pontos percentuais abaixo do índice de ocupação da capacidade instalada registrado em 2007 e 2008”, afirma Castelo Branco. “E há indicativos claros de retomada dos investimentos da indústria”.

 

José Velloso Dias Cardoso, primeiro vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), vê a questão de forma semelhante. Segundo ele, no setor de máquinas, a ociosidade do parque industrial é hoje ainda maior: de 20%a25%.

 

Para ele, não existe de fato motivo para preocupação com pressões inflacionárias por falta de oferta. Os aumentos neste início de ano seriam restritos a artigos cujos preços permaneceram muito pressionados durante a crise. E a gêneros alimentícios afetados por eventos climáticos incomuns, como as chuvas fortes deste início ano.

 

Velloso aponta ainda o aumento no custo dos transportes em grandes cidades, como São Paulo, como responsável por jogar para cima os índices de inflação mais recentes. “Baixar as tarifas de importação seria uma loucura”, diz o dirigente. “O setor de automóveis não teve crise por causa do imposto de 35% e da tecnologia flex. Mas setores com tarifas mais baixas, como o de máquinas e equipamentos e o de eletroeletrônicos, ainda estão saindo da crise”, afirma.

 

Gastos correntes

 

Dentro deste contexto, Castelo Branco, da CNI, considera que, mais do que a falta de oferta de produtos, o que pode estar pressionando a inflação são os aumentos de gastos correntes estatais. “O governo vem dando aumentos acima da inflação a diversas categorias de servidores públicos”, afirma o economista. “Está gastando mais do que arrecada. Essa calibragem deveria sermais bemfeita”.

 

Na quarta-feira, por exemplo, o Congresso aprovou reajuste de 7,7% para aposentados que ganham mais de um salário mínimo. Acima até dos 7% que o governo estava disposto a oferecer. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência oficial de inflação no país, foi de 4,31% em 2009.

 

Cenário otimista

 

Caso a situação semantenha relativamente estável, porém, Castelo Branco avalia que a indústria brasileira poderá entrar em umciclo virtuoso de investimentos, como o do pré-crise.

 

Recursos para isso, pelo menos, têm sido oferecidos em condições facilitadas pelo Governo Federal, através do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do BNDES, recentemente estendido até o final de dezembro. Os juros passaram dos originais 4,5% ao ano para 5,5%. Ainda assim, Velloso diz que “é uma política extremamente positiva; a única ferramenta que o governo efetivamente oferece como incentivo à indústria brasileira”.

 

Veículo: Brasil Econômico


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