Nem a faixa alta mostra disposição de consumir

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O desestímulo ao consumo já não afeta apenas as famílias de renda baixa e média, muito atingidas pela recessão e pela perda do poder aquisitivo dos salários. Neste mês, alcançou as famílias com renda superior a 10 salários mínimos mensais, como mostrou a pesquisa nacional de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O indicador dá ideia das aflições dos consumidores com a volta dos preços altos, o temor de desemprego e as incertezas com o futuro.

Os números da ICF caíram sem interrupção neste ano. Em julho, a queda foi de 5,3% em relação a junho e de 27,9% em relação a julho de 2014. Em números absolutos, a ICF registrou 86,9 pontos no mês, muito abaixo da zona de indiferença (100 pontos).

A pesquisa da CNC tem grande abrangência, alcançando 18 mil famílias em todas as unidades da Federação. São poucos os quesitos em que a ICF ainda está no campo positivo, caso da (relativa) satisfação com o emprego atual (111,9 pontos), da perspectiva profissional (103,7 pontos) e da renda atual (104,8 pontos). Nos três casos houve quedas em relação a julho de 2014, de 12% para 23,1%, mas a maioria dos entrevistados ainda acredita na preservação da atividade e em melhora futura. É um dado positivo numa conjuntura marcada por dificuldades.

Mas em outros itens a situação é crítica. O momento de compra para bens duráveis, por exemplo, está na pior posição e caiu 43,4% em relação a julho de 2014. Chega a dois terços a proporção de famílias que consideram o momento ruim para comprar bens duráveis.

O nível de consumo atual caiu 32,5% em relação a 2014 e a maior parte das famílias (51,5%) declarou que está fazendo menos compras.

A situação dos consumidores é pior justamente na Região Sudeste, onde a ICF caiu 34,1% entre os meses de julho de 2014 e de 2015 e onde são mais elevados a renda média e o PIB. Explica-se, pois, o descontentamento expresso nas pesquisas de opinião realizadas nos últimos meses.

Com a inflação acima de 9% ao ano e o desemprego em mais de 8%, o consumo cede lugar à decisão das famílias de recompor as reservas para enfrentar os tempos difíceis que poderão se estender até o ano que vem, na melhor das hipóteses.

A CNC prevê queda real de 1% nas vendas no varejo de 2015, evidência do estrago imposto sobre o padrão de vida das famílias pelos erros de política econômica da era Dilma.



Veículo: Jornal O Estado de S.Paulo


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