Atividade menor não impede aumento de estoque em junho

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A desaceleração da produção não tem sido suficiente para reduzir os estoques da indústria. De acordo com a sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o nível dos estoques em junho chegou a 52,1 pontos, alta de 0,9 ponto em relação a maio. "Apesar da contínua contração da atividade, a indústria continua com estoques em excesso", destacou a CNI no relatório da sondagem, divulgado ontem.

No mês de junho, a utilização da capacidade instalada (UCI) pelo setor alcançou 65%, o menor percentual da série mensal do índice, iniciada em janeiro de 2011. Em junho do ano passado, a indústria operava com 68% da capacidade instalada.

Entre os setores com maior nível de estoque em junho, outros equipamentos de transporte (60,0) e calçados e suas partes (59,1) lideram a lista. Já manutenção e reparação (41,1) registrou o menor nível de produção estocada, seguido por impressão e reprodução (42,4).

No levantamento da CNI, valores acima de 50 pontos indicam crescimento do nível de estoques frente ao mês imediatamente anterior. "Não se pode afirmar que a indústria atingiu o fundo do poço. Apesar do quadro atual já estar amplamente negativo, os empresários esperam piora nos próximos meses", ressalta a CNI.

No primeiro semestre, a carga tributária (44,8%), a demanda interna insuficiente (44,2%) e a falta ou alto custo de energia (37,5%) foram citadas pelos empresários como os principais fatores que impactaram negativamente a atividade no setor.

Expectativa

Para os próximos seis meses, a expectativa é de queda na demanda, na compra de matéria-prima e no número de empregados pelo setor. O único indicador que não sinaliza piora é exportação, com perspectiva estável.

Sem sinais de melhora na demanda, a intenção de investimento das empresas chegou a 41,3 pontos em julho, o menor patamar desde o inicio da série histórica em novembro de 2013. Nesse índice, que varia de 0 a 100 pontos, quanto mais elevado o número, maior a intenção de investimento.

De acordo com levantamento da CNI, pequenas empresas (32,3) registram a menor perspectiva de investir nos próximos meses, seguidas pelas médias (36,3) e grandes (48,3).

Já a confiança dos empresários em julho avançou 0,6% em relação ao mês anterior para 68,5 pontos, segundo a prévia da sondagem da indústria de transformação, divulgada ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

"O resultado ainda é muito discreto para ser comemorado. Ainda não houve uma virada na rota negativa da confiança", ponderou o economista Aloisio Campelo, superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV. Para ele, o resultado do levantamento prévio é mais uma "declaração de otimismo" vinda de alguns setores.

No mês de junho (68,1), a confiança havia cedido 4,9% em relação ao mês imediatamente anterior, atingindo o menor nível da série histórica, iniciada em abril de 1995. Em julho do ano passado, o índice de somava 84,4 pontos.

Campelo também citou a influência dos altos estoques e da demanda fraca na expectativa dos empresários. Já a melhora na prévia de julho foi atribuída ao avanço tímido dos índices de previsão de produção, emprego e tendência dos negócios. "Mas todos eles ainda retratam pessimismo. Ainda tem mais gente achando que o ambiente de negócios vai piorar e que vão demitir mais", afirmou ele. "Além disso, o fator político voltou a piorar e é incerteza no momento."

O superintendente explicou que mesmo se a confiança entre, a partir de agora, em uma trajetória favorável, ainda levará um tempo até que os indicadores voltem a dar sinais positivos. "Essa tendência tem de ser confirmada nos próximos meses. Talvez o pior trimestre do ano tenha sido o segundo, mas até o fim de 2015 acho difícil ter uma melhora expressiva [na confiança]", observou.



Veículo: Jornal DCI


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