Segundo IBGE, segmento registrou ligeira alta de 0,4% no mês, comparado a agosto, e aumento de 0,5% ante igual período de 2013; no acumulado do ano vendas subiram 2,6% ante ano anterior
As vendas no comércio varejista cresceram 0,4% em setembro, na comparação com o mês anterior. Apesar do ligeiro aumento, este foi o pior desempenho para a atividade desde 2003, segundo informação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quando comparado ao mesmo período do ano passado, as vendas aumentaram 0,5%. Em agosto, o comércio havia subido 1,2% na comparação mensal, com recuo de 1% no resultado mensal, segundo a instituição.
O desempenho vai de encontro às projeções de analistas ouvidos pela agência de notícias Reuters, que previam um incremento de pelo menos 0,4% no resultado mensal e 0,7% na base anual. De acordo com a gerente da coordenação de serviços e comércio do IBGE, Juliana Vasconcellos, a expansão nas vendas do varejo por dois meses consecutivos ainda não significa uma retomada da categoria. Isso porque apesar dos bons resultados do setor, o volume vendido ainda cresce em ritmo menor quando comparado a 2013.
"Não dá para falar ainda em recuperação. São dois meses de alta depois de duas quedas fortes. Mas as famílias estão consumindo um pouquinho melhor nesses dois meses, isso os números estão mostrando", contou. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o varejo registrou em setembro o pior resultado desde 2003, quando houve queda de 2,8% nas vendas. "Tem a questão da renda, do crédito, do consumo das famílias. Está tudo crescendo menos em 2014", ressaltou Juliana.
Varejo ampliado
Quando analisado o varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas cresceram 0,5% em setembro sobre agosto, impulsionado pelo setor de construção. Em agosto, na base mensal, o comércio varejista ampliado havia recuado 0,4%.
Na comparação com setembro de 2013, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado recuaram 1,2% em setembro deste ano. Nesse confronto, as projeções variavam de recuo de 2,5% a expansão de 1,2%, com mediana negativa de 1,15%. Até setembro, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam queda de 1,4% no ano e recuo de 0,10% nos últimos 12 meses.
Terceiro trimestre
No trimestre, as vendas no varejo tiveram queda de 0,4% em relação ao segundo trimestre do ano. O resultado ficou dentro das estimativas do mercado, que esperavam retração de 0,8% a estabilidade, com mediana negativa de 0,5%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, as vendas do comércio varejista também apresentaram queda de 0,4%, resultado esperado por analistas que projetavam recuo de 0,2% a 0,9%.
No varejo ampliado, o comércio varejista registrou queda de 1,9% no terceiro trimestre ante o segundo trimestre. O resultado ficou dentro das previsões, que previam declínio de 1% a 2,2%, com mediana negativa de 1,9%. Na comparação com o terceiro trimestre de 2013, o recuo foi de 4,3%, também dentro das expectativas do mercado, que esperava retração de 1,7% a 4,7%, com mediana negativa de 4,3%.
Segmentos
Somente quatro das oito atividades pesquisadas pelo IBGE no varejo restrito apresentaram aumento no volume de vendas em setembro, na comparação mensal. Entre elas destaque para os setores de móveis e eletrônicos (1,8%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,2%), combustíveis e lubrificantes (0,7%) e artigos farmacêuticos (0,4%). Até o mês de setembro, as vendas do varejo restrito acumulam alta de 2,6% no ano e aumentam de cerca de 3,4% nos últimos 12 meses.
Na contramão, categorias como tecidos, vestuários e calçados fecharam o período em retração de 3%, seguidas por livros, jornais, revistas e papelaria (-2,2) e equipamentos e materiais para escritório (- 2,1%). No período, hipermercados e supermercados também tiveram baixa de 0,3%, impulsionado pelo aumento no preço dos itens.
Em outubro, o Índice de Confiança do Comércio (Icom) medido pela Fundação Getúlio Vargas já havia apresentado queda de 10,3% na média do trimestre encerrado no mês passado. No resultado anterior, sobre o período de três meses encerrados em setembro, o indicador teve queda de 8,7%.
De acordo com a FGV, no período as vendas no varejo do Brasil tiveram o maior avanço em um ano, subindo 1,1% em agosto sobre julho. Contudo, o movimento foi considerado apenas pontual por especialistas em meio ao cenário de fraqueza da atividade econômica.
Veículo: DCI