Apesar da bolada, estimativa de crescimento da movimentação financeira no comércio de BH com a data, entre 1,5% e 3%, é a menor desde 2001. Mas há lojistas que esperam alta maior
Depois de um ano difícil para o comércio varejista, com a desaceleração da economia, inflação e juros mais altos, os lojistas apostam no Natal para recuperar o fôlego de vendas e não fechar o ano no vermelho. A data, considerada a melhor do ano pelos empresários do setor, pode movimentar entre R$ 3,15 bilhões e R$ 3,19 bilhões no comércio da capital, de acordo com estimativa divulgada ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). Mas, apesar da bolada prevista, a expectativa de crescimento, entre 1,5% e 3%, é a menor desde 2001, ano em que a economia do país foi fortemente influenciada pelo apagão e pelo atentado às torres gêmeas nos Estados Unidos. Há, no entanto, lojistas que estão mais otimistas e esperam crescimento nas vendas entre 20% e 30%.
“Mesmo com muitos fatores influenciando negativamente, o Natal ainda é a melhor data para o comércio. É um crescimento modesto, mas que está dentro das expetativas do atual cenário econômico”, explica o vice-presidente da CDL-BH, Marco Antônio Gaspar. Segundo ele, outros fatores, como o apelo emocional da data, o mercado de trabalho ainda firme, o aumento da renda da população, assim como o pagamento do 13º – que apenas em Belo Horizonte vai injetar R$ 2,56 bilhões na economia –, vão contribuir para o desempenho positivo no setor. “Dificilmente as pessoas deixarão de presentear. Os consumidores podem até comprar presentes de menor valor, mas não deixam de comprar”, completou.
RECUPERAÇÃO Proprietária de duas lojas na Savassi, a empresária Aila Portugal está otimista e aposta numa alta de 20% nas vendas. “Este foi um ano difícil, influenciado pela Copa do Mundo, eleições e menos dias úteis no calendário. Nossa esperança é recuperar o fôlego agora, elaborando ações que possam aquecer as vendas e apostando no Natal como a melhor data, como sempre foi”, afirma.
Na Stravaganza, loja de roupas e acessórios na Savassi, a expectativa é que o movimento triplique entre o fim deste mês e 24 de dezembro. Para isso, o sócio André Safar apostou nas redes sociais como aliadas e aumentou o estoque para dar conta de atender a demanda. “Acredito num incremento de até 30% no movimento e nas vendas. Muitos amigos que têm comércio reclamam dessa estagnação nos negócios. Mas nós ainda não sentimos isso, acho que muito por conta da campanha que fazemos no Instagram e no Facebook”, explicou.
O presidente da Associação de Comerciantes do Hipercentro, Flávio Assunção, afirma que o Natal é a última oportunidade para que o setor não feche o ano no vermelho. “Nós sempre esperamos por dezembro, que é o melhor período para o setor. Estamos torcendo por indicadores melhores, para que os consumidores fiquem mais otimistas e consumam mais”, afirma. Flávio ainda acrescenta: “Acho que ninguém vai ficar sem presente. No entanto, as pessoas vão procurar por itens mais baratos”.
TEMPORÁRIOS Outro sinal do otimismo para as vendas de Natal está nas contratações temporárias para a data. De acordo com pesquisa da CDL-BH, 71,83% dos empresários entrevistados contratarão de um a cinco empregados temporários; 16,9% entre seis e 10; 5,63% entre 11 e 15; 4,23% entre 21 e 25 e 1,41% vão precisar de mais de 25 profissionais extras para atender a demanda do período natalino.
A estimativa da instituição é de que essas aberturas de vagas para o Natal de 2014 apresentem crescimento entre 1% e 1,5% em relação ao ano anterior. O número total de contratações deste ano deve variar entre 9.359 e 9.406. Em 2013, o comércio varejista precisou de 9.267 funcionários temporários para o Natal, o que representou um crescimento de 2,5% na comparação com 2012.
Veículo: Estado de Minas