Hypermarcas vai reduzir dívida para acelerar expansão do lucro

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A Hypermarcas vai usar R$ 200 milhões obtidos com a venda de terrenos e instalações antigas para, junto com o foco em geração de caixa operacional, ajudar a reduzir seu endividamento e seus gastos com juros. Dessa forma, a companhia pretende acelerar o aumento do lucro líquido nos próximos dois a três anos, afirmou o presidente da fabricante de bens de consumo e medicamentos, Claudio Bergamo, ao Valor.

O executivo disse que o lucro líquido só não é maior atualmente por conta dos juros da dívida. "À medida que a gente desalavancar [diminuir a proporção da dívida em relação à geração de caixa], os juros vão reduzir e o lucro vai aumentar numa proporção mais rápida do que o aumento do resultado operacional", explica.

Nos primeiros nove meses deste ano, a companhia teve geração de caixa de R$ 434 milhões, um aumento de 20% ante igual período de 2013. A Hypermarcas encerrou o terceiro trimestre com dívida líquida de R$ 2,8 bilhões, o equivalente a uma alavancagem de 2,66 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). O lucro líquido cresceu 48% no terceiro trimestre, para R$ 118,8 milhões.

A empresa também pretende eliminar a parcela mais cara da dívida, aquela em dólar, no segundo trimestre de 2016.

A companhia já fechou a venda da fábrica da farmacêutica Mantecorp, no Rio, por R$ 135 milhões. Outros terrenos e galpões que abrigavam instalações antigas de empresas compradas pela Hypermarcas no passado devem render outros R$ 70 milhões. A empresa já transferiu quase toda sua operação de produção e distribuição para o Estado de Goiás, onde concentrou as atividades para captar sinergias e otimizar custos.

Bergamo disse que a companhia não pretende fazer distribuição de dividendos ou recompra de ações até que o nível de endividamento da companhia seja menor que 2 vezes o Ebitda, o que não deve ocorrer antes de 2016.

A Hypermarcas também planeja aumentar seu portfólio de medicamentos nos próximos anos. Atualmente, a companhia compete em 51% do mercado brasileiro. Bergamo estima que em cinco anos a empresa atue com moléculas (que formam os princípios ativos dos medicamentos) que correspondem a 85% do mercado. A companhia tem cerca de 200 medicamentos na fila de espera da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Recentemente, a fabricante lançou o genérico de omeprazol, uma das cinco principais moléculas do mercado. A empresa atingiu uma participação de mercado de 10% no terceiro trimestre, considerando o faturamento saído de fábrica.

Bergamo voltou a dizer que o consumidor está mais exigente e vem buscando uma melhor relação custo-benefício em algumas categorias de produtos. "Não está sobrando tanto dinheiro como antigamente". Por isso, a Hypermarcas vem posicionando suas marcas de higiene e beleza de olho nesse comportamento - renovando produtos sem aumentar o preço, buscando um posicionamento abaixo de concorrentes ou fazendo promoções. O executivo afirmou que, enquanto o mercado desacelerou no segundo semestre, a companhia acelerou, ganhando participação.

Os investimentos em produção e logística feitos pela companhia nos últimos anos ainda estão em maturação e a companhia continuará ganhando produtividade, compensando os maiores investimentos em marketing e o posicionamento os preços, segundo Bergamo. "Só vamos aumentar na hora que a gente sentir que há necessidade e que não colocará em risco nossa estratégia [de melhor relação custo-benefício]". O executivo espera um cenário de consumo em 2015 semelhante ao atual.

A Hypermarcas vai investir de R$ 150 milhões a R$ 165 milhões em 2015 em capacidade produtiva. Nos próximos anos, a cifra deve ficar entre R$ 120 milhões e R$ 165 milhões. No exercício atual, o montante será um pouco maior, entre R$ 180 e R$ 190 milhões.



Veículo: Valor Econômico


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