A expectativa de mudanças na política econômica do governo federal marcou o dia seguinte à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Indústria e varejo adotaram o discurso de mudanças urgentes no rumo do país. "Os desafios continuam os mesmos, independentemente de quem ganhou a eleição. A inflação está alta, déficit público está cada vez maior, a indústria está desaquecendo, o saldo da balança comercial é negativo. Tudo isso precisa ser resolvido", disse José Galló, presidente da Lojas Renner,.
A indústria faz coro ao apelo do varejo. Em seu segundo mandato, a presidente deve dar maior atenção à indústria sob o risco de aprofundar o processo de desindustrialização e de reduzir investimentos. "É preciso uma política de revitalização da indústria. Caso contrário, vamos continuar exportando commodities e nenhuma economia pode sobreviver apenas desse tipo de exportação", disse Fernando Figueiredo, presidente da Abiquim, do setor químico. Para José Veloso, presidente-executivo da Abimaq, que reúne os fabricantes de máquinas, Dilma tem recuperar o desempenho do Produto Interno Bruto e por isso estará voltada à indústria. "Acredito que ela vai ser mais liberal porque, se não for, não vai ter o crescimento que quer."
Afetadas pela concorrência dos importados, as duas entidades defendem uma desvalorização do real frente ao dólar. Para Abiquim, o dólar a R$ 2,50 ou R$ 2,60 será saudável para o setor e poderia impulsionar a competitividade do produto nacional. Já a Abimaq acredita que a cotação deve estabilizar em torno de R$ 2,70 e R$ 2,80, patamar que torna a indústria exportadora mais competitiva
Para o presidente da rede de postos de combustíveis Ale, Marcelo Alecrim, a expectativa do empresariado é que Dilma crie fatos novos ou nomeie nomes para sua nova equipe para que o clima de pessimismo mude. "O que os empresários esperam é mais transparência da política econômica, para que não tenhamos surpresas no meio do caminho", disse.
A fabricante de baterias automotivas Moura, de Pernambuco, vai reduzir em 33% os investimentos para 2015, em relação a este ano, de R$ 90 milhões para R$ 60 milhões. A decisão havia sido tomada antes da reeleição de Dilma. "Sabíamos que qualquer um dos candidatos que fosse eleito enfrentaria uma tarefa difícil no curto prazo", disse Tiago Tasso, diretor financeiro. (Colaboraram Marina Falcão, de Pernambuco, e Marcos de Moura e Souza, de Belo Horizonte)
Veículo: Valor Econômico