Varejo ainda tem grande potencial para vendas

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O varejo é um canal de grande importância na venda de produtos para as seguradoras, bem como de lucro para as empresas varejistas. Tanto que ambas investem milhares de reais para aprimorar a oferta ao consumidor. Segundo explicou o presidente da Confederação das Seguradoras (CNseg) e da Bradesco Seguros, Marco Antonio Rossi, embora as pessoas já tenham incorporado os seguros de automóvel e de saúde às suas vidas, ainda há um grande mercado potencial no varejo.

De acordo com a entidade, existem no Brasil 140 milhões de pessoas sem seguro de vida ou plano de saúde, 35 milhões de carros sem seguros, 170 milhões de pessoas sem plano dental, 50 milhões de residências sem cobertura contra roubo ou incêndio e 3 milhões de empresas sem um seguro para garantir prejuízos contra danos causados ao patrimônio. "O desafio é como chegar a essas pessoas. O varejo ajuda muito nessa inserção".

Assim como o Bradesco, que criou uma diretoria exclusiva para atender o varejo, a Zurich e o grupo segurador BB e Mapfre anunciaram novidades recentemente. O BB e Mapfre lançou este mês o projeto "Família Sempre Protegida", uma linha de produtos que será ofertada em vending machines e nas gôndolas de lojas de varejo e supermercados no formato gift card. "É um novo modelo de negócios muito mais próximo do consumidor e com uma abordagem diferente de qualquer outro canal de vendas já existente", diz Marcos Ferreira, presidente da BB Mapfre para a área de seguros gerais.

Já a Zurich anunciou investimento de R$ 850 milhões para substituir a Garantec, do grupo Itaú, na venda de seguro garantia na rede Via Varejo, que controla o Ponto Frio, as Casas Bahia, a CB Contact Center e a Indústria de móveis Bartira, totalizando 1 mil pontos de venda. Com isso, o grupo suíço passa a ser o maior do mercado nacional de garantia estendida, com 45% do faturamento total, à frente da Cardif (16%) e do Bradesco (12%). Segundo o CEO da Zurich da América Latina para Seguros Gerais, Antonio Cassio dos Santos, o investimento foi estimulado pela nova regulamentação da venda de seguro no varejo.

"A nova regulamentação tem o objetivo de dar maior equilíbrio entre a indústria do seguro, os varejistas e os consumidores. Isso porque o mercado de venda de seguros é crescente", explica Regina Simões, diretora da Susep. Somente o seguro de garantida estendida registrou vendas de R$ 1,5 bilhão no primeiro semestre deste ano. São mais de 13 mil pontos de venda que comercializam a garantia estendida, com 100 milhões de certificados ativos.

Bento Zanzini, vice-presidente da BB e Mapfre, diz que 2013 e 2014 foram anos de grandes discussões sobre como aprimorar a venda de seguro no varejo. A Susep publicou cinco medidas, sendo quatro resoluções (294, 295, 296 e 297), e a circular 480, que define como deve ser a comercialização do seguro pelas redes varejistas. Em abril de 2014 veio uma nova resolução para deixar claro o conceito de organização varejista.

Desta forma, as redes varejistas passam a ser enquadradas como representantes de seguros, assumindo as responsabilidades com a seguradora nos contratos de seguros. O seguro de garantia estendida, principal alvo das normas, só pode ser vendido por meio de apólice individual ou de bilhete de seguro, ficando vedada a contratação por meio de apólice coletiva. É obrigatório que a venda seja feita por um profissional treinado e a rede tem de fornecer informações claras aos consumidores. Ficou proibida a venda ou o desconto de bens à contratação de seguros, conhecido como venda casada, e o consumidor tem o direito de arrependimento, sendo permitida a desistência da contratação em até sete dias corridos.

Os principais produtos comercializados são o de garantia estendida e de proteção financeira. Dados da CNseg revelam que 90% das vendas do prestamista, que quita dívida do segurado em casos de morte, invalidez ou desemprego, vem varejo. O mais importante em termos de valores é o garantia estendida. Em 2010, a receita era de R$ 2 bilhões e chegou a R$ 3 bilhões em 2013. Já o prestamista cresce em média 27,8% ao ano, passando de R$ 3,3 bilhões para R$ 7,1 bilhões no mesmo período. Pesquisa encomendada pela BB e Mapfre ao Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), mostra que dos quase 200 mil estabelecimentos entrevistados, 30% são supermercados, 40% são lojas de departamento e 18% são redes especializadas em eletrônicos. O restante são lojas de material de construção, calçados e home centers.



Veículo: Valor Econômico


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