Do café com leite à alta tecnologia

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Em pouco mais de 30 anos, Vale da Eletrônica se tornou referência nacional no segmento

 



Nem só de minério, café e leite vive Minas Gerais. E Santa Rita do Sapucaí, no Sul do Estado, conhecida como o Vale da Eletrônica brasileiro, é um bom exemplo disso. O município reúne hoje 153 empresas do segmento eletroeletrônico, que faturam em torno de R$ 3 bilhões ao ano e formam um polo industrial pouco poluente, capaz de fabricar produtos de alto valor agregado e gerar perto de 14 mil empregos com elevado grau de qualificação.

Mas nem sempre foi assim. Quando o Vale da Eletrônica ganhou um formato mais parecido com o atual, na década de 1980, a produção era artesanal e se resumia à fabricação de aparelhos de PABX (sigla em inglês de Private Automatic Branch Exchange, cuja tradução seria troca automática de ramais privados) e de alarmes.

De lá para cá, o salto foi enorme. Nos anos 80, eram apenas 17 empresas, com receita de R$ 2,2 milhões e 220 itens. Hoje, são 153 indústrias, a maioria de micro e pequeno portes, faturamento da ordem de R$ 3 bilhões e 13,7 mil produtos nos catálogos. Além disso, praticamente um terço dos fabricantes de eletroeletrônicos do arranjo produtivo local (APL) já exportam. Com isso, somente em 2014 as vendas externas renderam US$ 64 milhões e alcançaram 41 países ao redor do mundo, incluindo os poderosos China, Japão e Estados Unidos.

"A evolução tecnológica direcionou o Vale da Eletrônica para uma produção em escala industrial, com 90% da montagem de placas sendo feitas atualmente por máquinas", afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto.

O santa-ritense Marcos Goulart Vilela, ex-aluno do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e sócio-diretor da Leucotron, é um bom exemplo para ilustrar as mudanças pelas quais o polo passou. Ele conta que a empresa foi criada em 1983 e naquela época fazia equipamentos para laboratórios médicos. Cinco anos depois, foi iniciada a fabricação de aparelhos de PABX, que levou a fabricante se especializar no segmento de telecomunicações.

"Quando começamos a fabricar PABX, fazíamos um por mês e sonhávamos em produzir dez mensalmente. Hoje, apenas nosso mix de produtos conta com aproximadamente 40 itens", diz Vilela. A Leucotron atende atualmente mais de 120 mil clientes, por meio de 400 concessionárias autorizadas em todo o Brasil, além de exportar para diversos países da América Latina.

Cluster - Porém, a inovação tecnológica não foi o único ingrediente da receita que deu tão certo. As empresas de Santa Rita do Sapucaí também desenvolveram uma relação de cooperação e se articularam para a obtenção de resultados com base em uma visão compartilhada de mercado, produção, estratégias e fornecedores. Em outras palavras, elas formaram um cluster.

O conceito de cluster, que em tradução livre significa "agrupamento", foi adaptado no Brasil para arranjo produtivo local e serve para definir a concentração geográfica de empresas interconectadas, fornecedores especializados, provedores de serviços e instituições associadas. E foi exatamente essa ideia que fez do polo do Sul de Minas uma potência nacional da indústria eletroeletrônica.

Só para se ter ideia de como esse arranjo funciona na prática, no Vale da Eletrônica, cada item fabricado por determinada indústria envolve, em média, mão de obra e produto de outras 15 empresas, conforme o Sindvel.


Dificuldades - Por outro lado, o APL também enfrenta dificuldades e o câmbio é uma delas. Por ser uma atividade de alto valor agregado, que necessita de componentes e insumos que não são fabricados no Brasil, cerca 40% dos custos das empresas estão vinculados à compra de matéria-prima importada, o que aumenta os gastos quando o dólar está mais caro, como agora, explica o presidente do Sindvel.

A moeda norte-americana, na verdade, funciona como "uma faca de dois gumes". Ao mesmo tempo em que eleva os custos, ela aumenta a competitividade das empresas do polo de Santa Rita do Sapucaí frente à concorrência com eletroeletrônicos importados, explica Souza Pinto.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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