Varejo do hipercentro tenta driblar a crise

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                                               Comerciantes intensificam promoções, cortam custos, focam em produtos que mais vendem e usam muita criatividade.

Intensificação das promoções, corte de custos, foco nos produtos que mais vendem e muita criatividade. Essa é a receita que vem sendo utilizada pelos comerciantes do hipercentro de Belo Horizonte para manter o faturamento e atrair clientes. Com queda de 20% nas vendas no primeiro semestre em relação a 2014, os lojistas do centro da Capital estão sendo obrigados a apostar em um leque de ações cada vez maior e a brigar na rua por um cliente de renda achatada.

O presidente da Associação dos Comerciantes do Hipercentro de Belo Horizonte, Flávio Assunção, afirma que a palavra-chave para se proteger do atual momento é "giro". Segundo ele, o comerciante percebeu que não pode ficar com a mercadoria no estoque e, por isso, está adotando diferentes estratégias para girar esses produtos.

"Diminuir a margem de lucro é uma possibilidade, mas isso tem que ser estudado caso a caso porque a margem já está bem apertada e os custos continuam altos. Mas se o comerciante perceber que dá para baixar o preço, então é melhor fazer isso do que ficar com a mercadoria parada", afirma.

De acordo com ele, a principal estratégia que vem sendo utilizada pelos comerciantes é focar nos produtos que têm uma demanda maior e não se arriscar em mercadorias inovadoras. Segundo o presidente, a ideia é destacar os itens que puxam mais o faturamento do comércio e investir neles, seja disponibilizando maior número de peças ou aumentando sua variedade.

Divulgação - Na lista das principais estratégias para atrair os clientes, também aparecem com destaque as promoções e as propagandas de baixo custo. Segundo Assunção, o comerciante do centro da Capital não está disposto a investir alto em marketing mais elaborado, então aposta na panfletagem e, principalmente, na divulgação no ponto de venda.

"Como o lojista não sabe se o retorno da propaganda vai acontecer, ele fica mais com a locução no comércio, anunciando pelo microfone as promoções e distribuindo brindes. Alguns também colocam os vendedores na rua para pegar os clientes no laço porque a disputa é por uma massa salarial cada vez menor", analisa.

A flexibilização do pagamento é outra saída encontrada por alguns comerciantes, principalmente do segmento de roupas e calçados. Assunção afirma que muitos lojistas estão aumentando o número de parcelas no cartão de crédito e diminuindo a parcela mínima, de forma que os clientes estão conseguindo parcelar produtos que, antes, só eram vendidos a vista.

"O comerciante está sendo obrigado a ter muita criatividade e a trabalhar com um leque de opções mais amplo. Se antes ele precisava adotar uma ou outra estratégia, agora ele tem que tentar de tudo: fazer promoção, dividir no cartão, saber onde o cliente está", frisa.

Custos - Na corrida para manter o faturamento, os comerciantes também têm apostado na redução de custos. O presidente afirma que muitos lojistas trocaram a iluminação dos seus pontos de venda pelo led, a fim de economizar na conta de luz. Além disso, alguns demitiram funcionários e distribuíram os que ficaram em um horário de funcionamento mais alongado. Dessa firma, o ponto funciona por mais tempo, mas nos momentos de menor movimento tem menos funcionários.

"Também estamos sugerindo aos comerciantes que tentem negociar o aluguel. Nos últimos anos o valor subiu muito no centro e os donos dos imóveis se acostumaram com isso. Mas, agora eles precisam entender o momento da economia e perceber que é melhor dar desconto do que perder o cliente e ficar com as portas fechadas", alerta.

De acordo com Assunção, as vendas no hipercentro da Capital caíram cerca de 20% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2014. As expectativas para o fim do ano também não são boas e, segundo ele, a manutenção do faturamento já será um bom resultado para os lojistas.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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