Agricultura atenua a piora do desemprego em Minas

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                               Índice de desocupação sobe a 8,3% no segundo trimestre no país, enquanto no estado fica em 7,8%. Taxa trimestral é a maior desde 2012, mas geração de 105 mil vagas no campo alivia.

Em meio às condições econômicas do país, Minas Gerais registrou uma redução tímida na taxa de desemprego do segundo trimestre deste ano, ficando inferior à média nacional. Enquanto no país cresceu para 8,3% o índice de desempregados, em Minas, o percentual ficou em 7,8%, uma pequena queda de 0,4 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre deste ano, quando a taxa chegava a 8,2%. Em comparação ao mesmo período do ano passado, o aumento foi de 1 ponto percentual. Desta vez, a salvação do estado está na agricultura, setor que empregou, nos últimos três meses, 105 mil pessoas. Porém, cresceu a informalidade e diminuiu a média salarial, ao mesmo tempo em que a indústria demitiu, no segundo trimestre, 28 mil pessoas. E, além disso, a taxa mineira de desemprego para o segundo trimestre acompanha a realidade brasileira: é a pior desde 2012.

Os dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE). De acordo com analistas, não há muito para os mineiros se sentirem aliviados. A redução de desocupados no estado é, em números absolutos, de apenas 31 mil pessoas. São, atualmente, 839 mil em busca de um lugar no mercado de trabalho em Minas. Enquanto isso, aumenta o emprego informal. Já são 103 mil pessoas sem carteira assinada no estado. A taxa de informalidade, de acordo com o IBGE, sofreu uma queda de 0,2 ponto percentual em relação ao igual trimestre do ano de 2014, chegando a 75,9% dos empregados do setor privado, excluindo, aí, os trabalhadores domésticos.

“O índice inferior à média nacional e menor que a do trimestre anterior não é motivo de alívio. Com o crescimento da informalidade, está caindo a massa salarial do mineiro. Com isso, o padrão de gastos vai afetando os setores de bens de consumo duráveis e não duráveis”, comenta o doutor em economia e coordenador do curso de economia do Ibmec, Márcio Salvato.

De acordo com dados do IBGE, o rendimento médio real habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas em Minas foi estimado em R$ 1.668 no segundo trimestre de 2015, com redução de 2,4% em relação ao trimestre anterior, quando foi de R$ 1.709. O rendimento médio real estimado para Minas Gerais está abaixo do estimado para o Brasil (R$ 1.882) e inferior aos valores estimados para os demais estados do Sudeste, do Sul e do Centro-Oeste do país.

O analista do IBGE Minas, Gustavo Fontes destaca ainda que houve um aumento de 7, 7% de pessoas que passaram a trabalhar por conta própria em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, chegando a 156 mil trabalhando com o próprio negócio. “Apesar da economia desacelerada, o que observamos foi o aumento no número de contratações no setor de serviços de transporte, alojamento, saúde e serviços sociais, entre outros”, pontua.

SAFRA - Mas, o grande destaque da pesquisa, foi para a agricultura, setor que desempregou mais em relação ao mesmo período do ano passado, mas aumentou a contratação este ano. De acordo com a pesquisa, o segmento, frente a 2014, perdeu 46 mil vagas, porém, em relação ao primeiro trimestre deste ano, fez 105 mil contratações. “A agricultura vem sendo assim nos últimos meses. O saldo de emprego tem sido positivo”, comenta a coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline de Freitas.

Segundo ela, quando comparado com o setor industrial, que no segundo semestre desempregou 28 mil pessoas em relação ao primeiro trimestre e 79 mil a menos frente ao ano passado, a agricultura apresenta números altos. “A agropecuária tem uma diversidade muito grande e a época de safra é a partir de maio, quando ocorrem as colheitas de cana, laranja e, principalmente, de café”, comenta Aline. Ela considerada que o alívio na taxa de ocupação em Minas pela agricultura é sazonal. “Temos que adicionar aí o desenvolvimento de outras atividades e considerar que é um período intensificado para a colheita. Por isso, o setor acaba tendo uma composição mais pujante para a economia”, compara.

BRASIL - No país, a taxa de desocupação chegou a 8,3% no segundo trimestre de 2015. E, como em Minas Gerais, essa é a maior taxa da série histórica, iniciada em 2012. No primeiro trimestre deste ano, o índice foi de 7,9%. Já no segundo trimestre de 2014, a taxa foi de 6,8%. Segundo o IBGE, a população desocupada, que chega a 8,4 milhões de pessoas, subiu 5,3% frente ao primeiro trimestre e, ante o 2º trimestre de 2014 o avanço foi de 23,5%. Segundo a pesquisa, a taxa de desocupação entre as pessoas com ensino médio incompleto era maior do que a verificada nos demais níveis de instrução, chegando a 13,8%. Entre o grupo de pessoas com nível superior incompleto, a taxa foi de 9,7%, “mais do que o dobro da verificada para aqueles com nível superior completo (4,1%)”.

 



Veículo: Jornal Estado de Minas - MG


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