Reajuste de 8% no trigo importado é a principal causa da má notícia
Um dos itens mais presentes na mesa do paraense deve ficar mais caro nos próximos dias. Graças à valorização do dólar diante do real, ao aumento nas tarifas de energia elétrica e à data base dos trabalhadores de padarias, o consumidor está diante de um inevitável reajuste. Cada padaria terá liberdade para definir sua alíquota, a partir de um aumento de quase 8% nos preços do trigo, nos moinhos, que poderá ser repassado ao cliente. Ciente dos rumores sobre o aumento, o belenense se divide entre a decisão de reduzir o consumo do pão ou cortar outros itens do cardápio.
O aumento no principal insumo para manufatura do pão - o trigo - entrará em vigor nos próximos dias. A maior parte do que é consumido na capital paraense é importado de países como Canadá e Argentina e, por isso, é cotado em dólar. “Desde o início da disparada do dólar, esta será a primeira vez que teremos um aumento, pois não deu mais pra segurar”, justificou o representante da Ocrim, que comercializa o trigo Mirella, Rui Brandão. O reajuste na tarifa de energia também influenciou na decisão.
O presidente do Sindicato da Indústria de Panificação do Estado do Pará (Sindipan), Elias Pedrosa, não sabe precisar o percentual de aumento que o pão - juntamente com todos os itens de panificação - deve sofrer. “Cada padaria é livre para avaliar sua planilha de custos e definir o valor do seu produto. Mas não gostamos de aumentar preço, pois o aumento sempre leva a uma redução no consumo. Por isso acredito que essa decisão será pesarosa para os donos de padarias”, analisou.
Atualmente no Estado o quilo do pão careca varia entre R$ 7 e R$ 12, com média de R$ 9 - abaixo da nacional, estimada em R$ 9,80. “Acredito que quem ainda pratica preços abaixo dos R$ 9 vai ter dificuldades de manter estes valores. Ainda assim, o pão seguirá sendo um produto democrático e acessível a toda a população”, observou Pedrosa.
Para a dona de duas padarias em Belém, Patrícia Cardoso, o reajuste também é inevitável. “Conseguimos segurar o reajuste enquanto os moinhos garantiram o mesmo preço. Pelo que ouvimos, a farinha de trigo comum, que estava saindo por R$ 104 a saca, deve ir para R$ 115. As farinhas especiais - utilizadas para produzir o pão integral e outros itens de confeitaria - nem se fala. Ou seja, tudo está subindo”, resumiu.
Enquanto o debate sobre a alta do pãozinho se desenrola, o consumidor já prepara suas estratégias para não passar sem ele, pelo menos nos horários em que é mais requisitado. “Corto outra coisa, mas reduzir o consumo de pão não dá”, disse a costureira Socorro Mendes, de 50 anos. Com um consumo médio de 16 pães carecas por dia, ela considera um absurdo mais uma alta nos alimentos. “Tudo aumenta, menos o salário do trabalhador”, reclamou.
O porteiro Richarles Portal, de 39 anos, é mais resignado em relação à alta. “Ouvi falar sobre esse aumento e compreendo as razões, por isso, vou aceitar. Ainda não avaliei se o consumo de casa será reduzido, mas acredito que não. Vou arcar mesmo como o reajuste”, ponderou.
Veículo: Jornal O Liberal - PA