Otimismo pós-Copa

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Escrito por Rejane Tamoto



O clima de pessimismo antes e durante os jogos do Mundial acabou junto com o evento e, coincidência ou não, a confiança do consumidor voltou a subir, segundo o Índice Nacional de Confiança (INC), apurado pelo Instituto Ipsos para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), de 20 a 31 de julho. De acordo com o INC, a confiança subiu de 140 pontos em junho para 144 pontos em julho. "O aumento foi circunstancial ante junho mas se soma à melhora de outras variáveis, como o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de julho, que surpreendeu e foi praticamente zero, apontando para a estabilidade. Porém, é preciso aguardar os próximos meses para avaliar melhor o cenário", afirma Rogério Amato, presidente da ACSP, da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e presidente-interino da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB).

Segundo Emílio Alfieri, economista da ACSP, é preciso aguardar três meses para verificar se há uma tendência de alta para o índice. Isso porque o indicador continua abaixo dos anos anteriores e não se recuperou totalmente. Para se ter uma ideia, o INC de julho do ano passado, logo após a onda de manifestações, era menor, de 137 pontos, mas há dois anos era de 149 pontos. "A fotografia é boa, mas vamos aguardar para ver se o filme será bom", diz o economista. Ele avaliou que o INC surpreendeu positivamente bem, ficando quatro pontos acima da margem de erro, de três pontos.

Na avaliação de Alfieri, a confiança aumentou mais entre os consumidores das classes A e B, que passou de 125 pontos em junho para 130 pontos em julho. "Esses consumidores voltaram a gastar em passagens aéreas e hotéis, que estavam com os preços pressionados durante a Copa", afirma o economista. Ele cita como exemplo dois itens que tiveram queda e podem ter exercido influência no IPCA de julho, que foram as tarifas de passagens aéreas (queda de 26,86%) e diárias de hotéis (7,65%).

‘O aumento da confiança foi circunstancial, mas se soma à melhora do IPCA, que surpreendeu, apontando para a estabilidade’, diz Rogério Amato, presidente da ACSP. Foto: Newton Santos/Hype
Entre os consumidores das classes D e E o índice caiu de 133 pontos em junho para 130 pontos em julho, refletindo a pressão nos preços dos alimentos. Já a classe C continua otimista e, entre esse público, o índice de confiança subiu de 145 pontos em junho para 149 pontos em julho.

O INC de julho mostra também outro dado positivo: o número de pessoas que conhecem alguém que perdeu o empregou caiu de 4,3 pessoas em junho para 3,8 pessoas em julho. Alfieri diz que isso pode indicar o retorno da economia ao normal após um período de expectativa e paralisação em função do evento esportivo. Ele pondera que o número ainda está acima do mesmo período de 2013, que era de 3,5 pessoas.

Regiões – A confiança melhorou mais nas regiões metropolitanas, nas quais o INC subiu de 135 em junho para 146 no mês passado. Essas cidades foram as que mais observaram o impacto dos jogos do Mundial. "A Copa não trouxe tantos turistas e mais torcedores e, do ponto de vista econômico, não rendeu muito ao comércio. O turismo de negócios nas regiões metropolitanas, principalmente para São Paulo, retornou na segunda quinzena de julho e fez os serviços, hotéis e eventos voltarem à normalidade", diz Alfieri.

Na região Sudeste, o INC subiu de 130 pontos em junho para 134 em julho. A variação foi maior no Nordeste, de 127 pontos para 135 pontos no mesmo período. "A região teve boas safras agrícolas decorrentes das chuvas, enquanto a estiagem persiste no Sudeste", afirma o economista. No Norte e Centro Oeste, os bons números do agronegócio ajudaram o INC a subir de 188 pontos em junho para 189 pontos em julho. No Sul, a variação foi negativa, de 173 pontos em junho para 168 pontos em julho.



Veículo: Diário do Comércio - SP


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