Citricultores esperam preços melhores com safra 2014/2015

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A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) divulgou, na última semana, uma estimativa de safra acima do esperado para 2014/2015, entretanto, ao invés da maior oferta derrubar os preços, produtores apostam em melhora nos valores do mercado ocasionada pela redução dos estoques na indústria. Estima-se uma colheita de 308,8 milhões de caixas de 40,8 kg no cinturão citrícola - que compreende o Estado de São Paulo e o Triângulo Mineiro - e na perspectiva mais otimista, os preços pagos ao produtor podem atingir R$ 18 por caixa.

"Como temos uma diminuição nos estoques da passagem de 2013 para cá, é impossível trabalharmos com preços menores do que no ano passado", afirma o citricultor da região de Taquaritinga, interior de São Paulo, Valter Valério Neto.

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicam que a laranja posta na indústria paulista chegou a ser comercializada, em maio de 2013, a R$ 6,50 por caixa de 40,8 kg (sem contrato prévio). A mínima de preços foi registrada em janeiro daquele ano, por R$ 5,85. Na última análise do instituto, os valores para março de 2014 ficaram em R$ 9,81.

O diretor executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, explica que as safras 2011/2012 e 2012/2013 foram recordes no setor, com colheitas de 428 milhões e 385 milhões de caixas, respectivamente, fator que inundou o mercado e elevou os níveis de estoque.

Logo, a redução na demanda industrial, somada à competitividade com os frutos produzidos pela própria indústria, derrubou os preços pagos ao produtor em 2013. "A indústria consome mais de 80% da produção de laranja, considerando também que eles produzem cerca de 50% do abastecimento da demanda. Isso agravou a situação para o citricultor", completa o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas.

Para o presidente da associação, desde o ano passado a produção tem sido menor que a demanda, o que colaborou para a queda nos estoques industriais. "Nossa perspectiva é que esta tendência permaneça e que os preços pagos ao produtor aumentem para que ele tenha incentivo e possa recuperar a produtividade", diz. No mercado internacional, Viegas alerta para o bom momento devido a redução na produção da Flórida e avanço na demanda dos Estados Unidos.

"Tudo indica que a oferta e o preço aumentem, porém, ainda não houve um entendimento formal entre o produtor e a indústria", avalia o presidente da Câmara Setorial da Laranja, Marco Antonio dos Santos. Segundo o produtor Valter Neto, esta movimentação do mercado está nas mãos da indústria e ainda não houve uma negociação efetiva para fechamento de contratos.

Ação judicial

No dia 31 de março deste ano o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas determinou que as empresas processadoras de suco de laranja fossem responsáveis pelo plantio, cultivo e colheita de todos os produtos que processarem. A medida gerou críticas de representantes de todos os níveis da cadeia.

De acordo com o diretor da CitrusBR, atualmente, a indústria recorreu e espera que a decisão passe ao poder do Tribunal Superior do Trabalho (TST). O presidente da Câmara Setorial disse ao DCI que, em votação, todos os membros da organização se posicionaram contra o TRT, exceto a Associtrus, que se absteve.

Para Viegas, presidente da associação, a indústria atrasa a colheita e deve se responsabilizar pela mesma. "Já existe uma discussão antiga sobre a colheita ser feita pelos processadores. Fora isso, também discordamos das atribuições inclusas pelo tribunal de Campinas", conclui.



Veículo: DCI


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