O governo tentou minimizar o péssimo resultado das vendas do varejo em dezembro de 2016 e sustentou o discurso otimista para o cenário econômico neste ano. Tanto o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, avaliaram que o dado não mostra uma economia mais lenta do que o previsto e preferiram apontar para o futuro, quando esperam retomada do crescimento econômico.

Para Ana Paula, em períodos de retomada do crescimento é normal haver "dados contraditórios". "Processo de recuperação é assim mesmo. O importante é que o Brasil ganha confiança e trabalha com agenda de recuperação de crescimento de longo prazo", disse. Já Meirelles ressaltou que um desempenho negativo do varejo já era esperado e que indicadores antecedentes apontam alta no PIB do primeiro trimestre de 2017.

Para o ministro, a queda de 2,1% em dezembro ante novembro no varejo restrito está dentro da previsão de resultado negativo para o PIB no último trimestre do ano passado. Meirelles preferiu destacar que o processo de redução do endividamento de empresas e famílias ocorrido ao longo do ano passado está chegando ao fim. "O que foi negativo em 2016 será positivo em 2017. Famílias e empresas começam um processo de tomada de crédito para investir; produzir e consumir", disse.

Meirelles afirmou, citando dados de produção de papelão ondulado e transporte de cargas nas rodovias, que indicadores antecedentes do primeiro trimestre são positivos. "Esperamos crescimento no primeiro trimestre, e mais solidamente positivo ao longo do ano."

Questionado sobre se as projeções de inflação abaixo de 4,5% permitem redução da meta nos próximos anos, Meirelles respondeu: "Vamos aguardar". Segundo o ministro, na trajetória do regime de metas é normal ter períodos de inflação acima e abaixo da meta e que a queda dos índices reflete o sucesso da política monetária.

A secretária do Tesouro destacou que há sinais de que o crescimento econômico virá em 2017. Segundo ela, o país está saindo de forma organizada da crise, implementando reformas para o crescimento de longo prazo. "Essa reversão de expectativas mostra o que foi possível graças às medidas aprovadas em 2016. "

Ela afirmou que está em discussão dentro do governo a formulação de um sistema de avaliação de políticas públicas que deve integrar iniciativas dentro da administração pública. Segundo a secretária, esse sistema busca "algo voltado para essa preocupação de integrar iniciativas dentro do governo e avaliar políticas públicas".


Por Fabio Graner e Cristiane Bonfanti | De Brasília

Fonte: Valor Econômico