Taxa de juros sobe 0,5 ponto, mas BC indica fim do ciclo de aperto

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                                No sétimo aumento consecutivo, Selic vai a 14,25% ao ano e atinge maior patamar desde 2006



Uma semana depois de o governo anunciar uma redução substancial na sua meta de economia para o ano, o Banco Central elevou nesta quarta-feira (29) a taxa básica de juros da economia em mais 0,5 ponto percentual, para 14,25% ao ano.

A alta, já esperada pelo mercado, foi a sétima consecutiva da Selic, e o BC disse que os juros devem permanecer nesse novo patamar "por período suficientemente prolongado" para garantir a convergência da inflação para a meta no fim de 2016.A inflação chegou a 8,9% nos 12 meses encerrados em junho, e a expectativa de analistas é que ela chegue a 9,2% em dezembro –bem acima da meta, de 4,5%, com tolerância de dois pontos. Para o ano que vem, os especialistas preveem alta de 5,4%.

A Selic de 14,25% é a maior em nove anos. Os juros reais hoje (descontada a inflação projetada para 12 meses), porém, são menores que em 2006: 8% atualmente, ante 8,9% no último ano do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

ABSTENÇÃO

A decisão de subir os juros foi tomada por 8 dos 9 diretores do Banco Central.Em iniciativa inédita, o diretor de Assuntos Internacionais, Tony Volpon, absteve-se de participar da reunião depois que declarações feitas por ele na semana passada geraram polêmica.

Segundo o jornal "Valor", Volpon descartou em apresentação a investidores a possibilidade de votar por redução dos juros até que a projeção do BC aponte para inflação no centro da meta de 4,5%.Alguns analistas de mercado e políticos consideraram que o diretor teria antecipado o seu voto no Copom (Comitê de Política Monetária).Em comunicado, o BC disse que compreendeu a decisão do diretor de não participar da reunião.

Há duas semanas, parte dos economistas ainda cogitava a possibilidade de o BC reduzir o ritmo de aperto dos juros, optando por uma alta de 0,25 ponto após seis aumentos de 0,5 ponto, diante da retração da atividade econômica e da melhora gradual das expectativas de inflação para o próximo ano.

A decisão do governo de reduzir sua meta de superavit primário de 1,1% do PIB para 0,15% do PIB, com possibilidade de deficit, reforçou, no entanto, a expectativa de um aperto maior pelo BC.Quanto menor a economia feita pelo governo para o pagamento de juros da dívida, maior o volume de recursos disponível na economia para consumo e investimento –combustível para o reajuste de preços em um cenário de inflação já elevada.

Em meio a preocupações dos investidores com a trajetória da dívida pública, a redução da meta de economia também alimentou uma alta do dólar, o que tem efeito inflacionário.Essas mesmas preocupações contribuíram para que a agência de classificação de risco Standard & Poor's indicasse nesta semana a possibilidade de reduzir a nota do Brasil para o grau especulativo em um futuro próximo.Para este ano, em que a inflação sentiu o choque de reajustes das tarifas reguladas pelo governo, principalmente de energia, e também da alta do dólar, a expectativa é que o IPCA fique bem acima do teto da meta.



Veículo: Jornal Folha de S.Paulo


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