Mineiro no comando da "Apple" chinesa

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                              Vice-presidente da Xiaomi,aposta que aparelho, que custa R$ 499, cairá no gosto dos brasileiros


Na última semana, a Xiaomi, gigante chinesa do mercado de smartphones, desembarcou oficialmente no Brasil, quando deu início à comercialização do modelo Redmi 2. O País é o nono destino da multinacional, que completou cinco anos em abril e que conta com um projeto ousado de internacionalização. À frente desse processo está Hugo Barra, um belo-horizontino de 38 anos que, em 2013, deixou a Google para assumir a vice-presidência Internacional da Xiaomi, responsável por coordenar a expansão global da marca.

O primeiro contato da reportagem do DIÁRIO DO COMÉRCIO com Barra foi há mais de um ano, na China, durante a cobertura da missão do então governador Antonio Anastasia. Naquela ocasião, a embaixada brasileira ofereceu um jantar à comitiva mineira. Lá estava Barra. Se um brasileiro em Pequim já despertava a atenção, imagina à frente da maior fabricante chinesa de smartphone? No segundo trimestre de 2014, a Xiaomi desbancou a Apple e a Samsung e passou a ocupar o primeiro lugar na China.

A Xiaomi era, naquela época, desconhecida por boa parte dos integrantes da missão. Comunicativo, de fala rápida e sorriso fácil, Barra se encarregou de explicar o que era a empresa. Cumprindo todos os protocolos, o executivo concedeu entrevista. O Brasil já estava na pauta. Hoje, uma realidade.

Minas - Ex-aluno do Pitágoras, Barra iniciou o curso de engenharia elétrica na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ficou apenas um ano, quando se transferiu para o Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge, nos Estados Unidos. No MIT concluiu a graduação e fez pós-graduação, com formação em Engenharia Elétrica e Ciência da Computação.

Na universidade trabalhou tanto no Media Lab como no Laboratório de Inteligência Artificial. Em 2000, fundou uma startup de reconhecimento de voz, chamada Lobby7, com três colegas do MIT. A empresa foi adquirida em 2003 pela líder mundial do setor Nuance, mas Barra seguiu como executivo até 2008, quando foi contratado pelo Google, em substituição, aliás, a outro brasileiro: Mario Queiroz, que assumiria o projeto Google TV.

Naquele mesmo ano, trocou os Estados Unidos pela Inglaterra. Mudou-se para Londres e foi líder da equipe mundial de desenvolvimento de aplicativos para celular da Google até 2010. Já entre 2010 e 2013, no Vale do Silício, exerceu a função de vice-presidente do Android.

O entusiasmo do executivo com o Brasil não se deve apenas ao fato de ser seu país de origem. De acordo com Barra, o Brasil é o quarto maior mercado de vendas de smartphones. Os três primeiros são China, Estados Unidos e Índia. Ele ainda destacou algumas peculiaridades: 15% dos smartphones são vendidos pela internet.

"Além disso, o brasileiro fica três vezes mais nas mídias sociais em relação à média mundial", explicou.

A fala do executivo está diretamente ligada à estratégia de comercialização adota pela Xiaomi. A empresa, em geral, dispensa o intermediário e vende direto ao consumidor. Com isso, tem um custo de venda mais baixo para cada item comercializado, porque não paga comissões de distribuição ou custos de logística, marketing e pontos de venda existentes nos canais mais tradicionais do varejo físico. "Nosso negócio está ancorado na internet. A mídia social é o principal canal de marketing e interação com o consumidor", afirmou.


Diferencial - A venda direta ajuda a explicar os preços baixos da companhia. Mas não é só isso. "Um dos diferenciais está na filosofia: inovação para todos. Um produto de alta tecnologia e qualidade não precisa ser caro", afirmou. Comparado ao iPhone 6 pelo mercado, o Redmi 2 tem o mesmo tamanho (4,7 polegadas) e quase a mesma espessura e peso. Já a bateria, segundo Barra, dura 25% mais que a do iPhone.

O aparelho, que custa R$ 499, ainda é equipado com um dual SIM 4G, câmera de 8 megapixels (MP) traseira e 2 MP frontal, processador Qualcomm Sanapdragon 410, com velocidade de até 1.2 GHz por núcleo, sistema operacional MIUI, que usa plataforma Android e memória RAM de 1 GB. "Trabalhamos com componentes de ponta e temos compromisso com a qualidade, outro diferencial", enfatizou.

Outro destaque é a relação com os fãs da marca. "Temos uma relação de proximidade com o usuário", disse. A Xiaomi tem comunidades no Facebook em países que a marca ainda não tem presença.

Em 2013, a companhia vendeu 18 milhões de celulares. No ano passado, saltou para 61 milhões, crescimento de 239%. No primeiro semestre deste ano, as vendas alcançaram 34,7 milhões, alta de 33% frente o mesmo período de 2014. O mercado estima que os negócios em 2015 gire em torno de 80 milhões de unidades.

Um primeiro lote dos produtos será importado. Mas eles passarão a ser fabricados pela Foxxconn em Jundiaí (SP). Será o primeiro país fora da Ásia onde a empresa terá produção local. Estão no portfólio do Brasil a Mi Band, monitor de atividades físicas e qualidade do sono, e o Mi PowerBank, um carregador portátil. No campo dos acessórios estão fones de ouvido e capas para o Redmi 2.

Além da China e Brasil, a Xiaomi está presente em Taiwan, Hong Kong, Cingapura, Malásia, Filipinas, Indonésia e Índia. De acordo com Barra, o futuro é se consolidar no Sudeste Asiático, entrar nos países da América Latina e Rússia. Sobre o desempenho, ele não se hesitou. "A Xiaomi tem a ambição de chegar à primeira posição em todos os mercados nos quais entra", apostou.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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