Brasil terá que recuperar confiança para voltar a atrair investimentos

Leia em 3min

Especialistas afirmam que País precisa aproveitar o crescente fluxo de recursos que saem de regiões emergentes nos últimos anos, mas perspectiva de longo prazo para aportes são otimistas

 

 



Para que o Brasil tenha um crescimento mais expressivo e sustentável nos próximos anos, os investimentos estrangeiros diretos terão que ser melhor aproveitados, principalmente aqueles que saem de outros países emergentes.

Essa é conclusão de especialistas que participaram, na última sexta-feira, de uma reunião da Amcham Brasil, a Câmara de Comércio Americana, para discutir o futuro do comércio exterior e dos investimentos no País, após a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Para o diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luis Afonso Lima, afirma que há muitas oportunidades para captar recursos, especialmente de países emergentes. "Atualmente, o Brasil recebe mais de 70% dos investimentos somente de nove países. Os países emergentes já respondem, no mundo, por 39% dos aportes feitos em outros países. No Brasil, esses mesmos países têm uma participação de 13%. É importante tentar buscar esses recursos de países como a China, Coreia do Sul e outros países com esse mesmo perfil".

No entanto, na opinião de Lima, é preciso fazer alguns ajustes para conseguir atrair esses investidores. "Nós levamos algumas propostas, antes das eleições, para os dois candidatos que foram ao segundo turno. Temos que fazer mudanças na tributação e diminuir a burocracia. Além disso, temos que ter uma política de abertura ao comércio exterior", afirma.

Confiança necessária


Outro ponto importante para que o Brasil continue entre os principais destinos de investimentos diretos no mundo é o cuidado com os indicadores econômicos locais. Para Cristiano Souza, economista do Banco Santander, há uma urgência cada vez maior de um ajuste nas contas públicas. "Precisamos fazer um ajuste fiscal. Quando o Brasil tinha um superávit primário consistente, câmbio flutuante e inflação mais próxima ao centro da meta, ganhamos o status de grau de investimento. O mundo não vai acabar, mas é preciso passar uma mensagem de confiança aos investidores".

Antonio Corrêa de Lacerda, sócio diretor da AC Lacerda Consultores Associados e professor de Economia da PUC-SP, afirma que a escolha da equipe econômica para o segundo mandato do governo Dilma também é fundamental nesse processo. "É preciso se cercar de duas dezenas de pessoas, que vão compor o Ministério da Fazenda, do Desenvolvimento, do Planejamento, a diretoria do Banco Central, para que se passe uma mensagem de confiança ao mercado".

Por outro lado, Souza é muito otimista em relação á capacidade do Brasil de atrair investimentos no longo prazo. "Temos um mercado consumidor muito grande e ainda com forte potencial de crescimento. No longo prazo, é impensável que empresários do mundo inteiro ignorem um mercado de 200 milhões de pessoas".

Lacerda lembra que outros países da América Latina, como o México, não conseguem se manter atrativos para o investidor internacional. "Nossos vizinhos não têm o mercado que temos. Mas é importante que se promova uma política mais amigável também para exportação. Só assim, vamos conseguir tornar nossa indústria mais competitiva em nível global".

Lima, da Sobeet, lembra que a maior parte dos investimentos estrangeiros feitos no Brasil vai para o setor de serviços. Segundo levantamento da entidade, nesse ano, mais de 67% dos aportes feitos no Brasil foram para o setor de serviços. "Para mudar isso, é preciso também um investimento maior em infraestrutura, para que a indústria ganhe mais força. E as concessões são o caminho natural", afirma.



Veículo: DCI


Veja também

Clubes de compras começam a se fixar em nichos para crescer

Inovação. Empresas que atuam com vendas por assinatura apostam em segmentação para nã...

Veja mais
Promoções de venda são um bom negócio para os varejistas?

Depende. Se for de um produto de primeira linha, pode ser uma oportunidade para que os clientes comprem outros itens &n...

Veja mais
Varejistas aguardam o 13º salário

Fecomércio-MG estima que R$ 5,5 bilhões serão destinados às compras no comércio minei...

Veja mais
Natal amplia competitividade entre lojistas

Sem aumento significativo de consumidores, ganhará mercado quem oferecer diferencial frente aos concorrentes &nb...

Veja mais
Procon-SP: cesta básica paulistana sobe 1,87% na semana

O valor da cesta básica no município de São Paulo ficou 1,87% mais alto no período de 7 a 13...

Veja mais
Excesso de produção e consumo baixo derruba preço do ovo

Granjas de Bastos, maior produtora do Brasil, estão descartando aves.Dúzia de ovos é vendida a R$ 2...

Veja mais
Lojas Americanas projeta 1.700 lojas até 2019

Gigante do comércio físico e eletrônico ampliará serviços financeiros, venderá ...

Veja mais
Pilhas: Empresa de Warren Buffett compra Duracell da P&G por US$ 4,7 bilhões

A Berkshire Hathaway, companhia do bilionário investidor Warren Buffett, fechou acordo com a Procter & Gamble...

Veja mais
Medicamentos isentos de prescrição dobraram faturamento

O faturamento das vendas de medicamentos isentos de prescrição médica quase dobrou nos últim...

Veja mais