Natal amplia competitividade entre lojistas

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Sem aumento significativo de consumidores, ganhará mercado quem oferecer diferencial frente aos concorrentes

 



Um Natal de trabalho acirrado para atrair os consumidores, onde lojistas que apresentarem os melhores diferenciais para os clientes devem ganhar mercado, em detrimento do market share alheio. Segundo especialistas do varejo, o final deste ano será de grande competitividade no setor em vista do atual cenário econômico, com retração do consumo nos últimos meses impulsionada pela alta da inflação e aperto dos juros. “Será importante diversificar as ações promocionais”, sugere a economista da Fecomércio-RS Patrícia Palermo, lembrando que, com menos postos de trabalho sendo criados no País e no Estado, novos consumidores serão mais raros, o que significa que o incremento das empresas deve ser mais modesto. “Aquelas que aumentarem as vendas de Natal frente ao ano de 2013 com certeza vão crescer às custas das que perderem vendas neste período”, explica a economista.

Sem previsão de crescimento significativo nas comercializações de final de ano, com resultados estimados em números que se assemelhem aos do ano passado, os lojistas terão que investir em oportunidades para os clientes, afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA), Gustavo Schifino. “O varejo está com estoque além do desejado desde a Copa do Mundo. Este excesso de oferta deve gerar muitas promoções.” Segundo o dirigente, presentes em formas de kits e lembranças natalinas com ticket médio acessível são alternativas para “amigos secretos”, prática que tem crescido não só no círculo corporativo, mas também entre as famílias.

Primar pelo bom atendimento será a principal estratégia para surpreender os clientes, completa o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse.  “Quem se assustar com expectativa de crescimento pequeno não venderá bem. Por outro lado, quem investir em marketing e no atendimento diferenciado, garantirá bom desempenho”, opina o dirigente. “Hoje em dia, as pessoas procuram oportunidades, querem produtos melhores e valorizam muito a qualidade do atendimento.”

“O consumidor está se deparando com inflação mais alta, que corroeu sua renda ao longo do ano, e, por isso, está mais atento, exigente e seletivo quanto à qualidade dos produtos e atendimento do serviço”, concorda a economista da Fecomércio-RS. À frente de uma das maiores varejistas do País, o diretor-presidente da Lojas Renner, José Galló, tem boas expectativas para o final de ano. “Normalmente, quando o mercado em geral tem um comportamento moderado, há uma espécie de compensação no Natal.” A Renner, que registrou um ano bom em termos de resultados, segundo sua assessoria de imprensa, não abre estratégias de marketing para as vendas natalinas. Mas a varejista trabalha seu modelo de negócio voltado para as mulheres de classe média, que cada vez mais são consumidoras de produtos para toda a família.

Também com foco no público feminino, a Patchwork, do empresário Paulo Kruse, tem apostado no atendimento de excelência, no capricho dos produtos e na comunicação permanente para garantir a fidelização de clientes. “Enviamos constantemente atualizações para os cadastrados, via WhatsApp, e-mail e SMS. Além disso, a partir da primeira semana de dezembro, os clientes da loja irão receber brindes natalinos”, adianta Kruse.

“O ambiente é de Natal. É o momento das pessoas serem felizes. O varejo com segmentos relacionados a presentes está preparado e tem condições de surfar esta onda de não incremento geral. Quem vai sofrer mais serão os setores de móveis e carros, de maior valor agregado”, acredita Schifino. Ele reforça que a perspectiva da CDL-POA não é negativa, mas sim de estabilidade nas vendas.
Ações de marketing com prêmios caem no gosto do cliente e impulsionam negócios

Com perspectiva de crescimento agressivo, na casa dos 15% sobre o Natal do ano passado, o Praia de Belas Shopping aposta no bom desempenho com base na expansão do empreendimento, que neste mês completa um ano. Além das promoções e campanhas de final de ano, o shopping conta com estacionamento maior, somando 1,2 mil vagas e 45 lojas novas. “Tudo isso faz bombar o fluxo”, garante a gerente de marketing, Janine Oliveira. Segundo ela, a estimativa é de que o fluxo de visitantes em dezembro seja de 50 mil pessoas. “O conceito de shopping é de um lugar onde se tem tudo junto: estacionamento, cinema, bancos, lojas. O consumidor ganha tempo, o que é um grande diferencial, que atrai os clientes.”

No empreendimento, além do sorteio de dois carros Hyundai, modelo iX35, também serão oferecidos brindes para os clientes. “A promoção ‘Comprou, Ganhou’ possibilita ao consumidor um benefício imediato, e nosso cliente gosta muito disso”, garante Janine, informando que a estratégia para o período será entregar um chocottone Bauducco para os clientes que realizarem as trocas das notas fiscais (a cada R$ 400,00) pelo cupom da Promoção Natal 2014. “A distribuição dos chocottones será restrita a quatro unidades diárias por cliente.” Entre as ações do Praia de Belas, uma decoração natalina interativa e lúdica já foi implementada. “É o ponto forte. As crianças estão amando”, garante Janine.

Segundo Gustavo Schifino, diretor das lojas Trópico, toda a ação é válida para atrair a clientela. “O Natal representa duas vezes e meia o faturamento médio de um mês, ou seja, somente a última semana de dezembro equivale há um mês médio de vendas. Esta é uma oportunidade para equilibrarmos os estoques”, aposta. “Estamos acreditando que vai ter crescimento nas vendas, e fizemos um bom estoque”, diz a gerente de marketing da Paquetá, Paulina Bacher.

No pacote de oportunidades para os clientes, a Paquetá oferece brindes como carteiras, chinelos e outros acessórios para compras acima de R$ 250,00; enquanto a Gaston e Paquetá Esportes ofertam alguns itens no estilo ‘pague um leve dois’. Outro atrativo da rede é a condição de pagamento, que permite quitar a primeira parcela de uma prestação em 60 dias. Isso facilita a compra, em vista de que o final de ano é mais carregado de contas extras, como IPTU, IPVA e outros.

Em uma conjuntura em que as coisas não estão bem, manter as vendas será um ganho, sinaliza a economista da Fecomércio-RS Patrícia Palermo. “Tudo que a empresa puder fazer para atrair o consumidor para comprar será um diferencial”, sugere.




Veículo: Jornal do Comércio - RS


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