Comércio adia pedidos de Natal

Leia em 2min 40s

As incertezas dos varejistas em relação à demanda dos consumidores têm adiado as encomendas para o Natal, a principal data do comércio. Normalmente, os pedidos já estariam a pleno vapor em setembro, mas os relatos de diferentes segmentos da indústria são de que até agora pouca coisa evoluiu.

Endividamento das famílias, menor expansão do crédito, confiança do consumidor em níveis historicamente baixos e estagnação do comércio desde fevereiro deste ano colocaram os varejistas na defensiva. "O quadro é de cautela. A maioria dos setores está segurando as encomendas em rédeas curtas", diz o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Diante do cenário, a entidade espera avanço de 3% nas vendas durante o Natal (projeção com viés de baixa), o que seria o pior resultado desde 2004. Nessa esteira, a geração de trabalhos temporários (138,7 mil) também deve ser a menor em seis anos, com avanço de 0,8% sobre as vagas criadas em 2013.

Com base nos últimos dados disponíveis da indústria e do varejo, referentes a julho, Bentes calculou que os estoques do comércio ficaram estagnados em relação a igual período de 2013, enquanto as vendas caíram 0,9%.

Mas segmentos importantes tiveram redução intensa nos estoques nesse intervalo, entre eles informática e comunicação (-9,9%) e móveis e eletrodomésticos (-8,1%). No primeiro, o recuo foi até maior do que o ritmo de queda nas vendas. "Esse setor praticamente jogou a toalha", diz Bentes.

O segmento de vestuário e calçados também diminuiu 2,2% a quantidade de mercadorias nas prateleiras em julho ante julho de 2013, enquanto os hiper e supermercados reduziram em 0,1%.

Ociosidade - A falta de encomendas tem contribuído para a ociosidade nas fábricas de calçados, mesmo em um período que deveria concentrar pedidos das novas coleções de verão e do Natal. "Em condições normais de mercado, a esta altura a indústria já estaria trabalhando a pleno", afirma o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein. A situação, porém, é de marasmo, com fornecedores ainda estocados.

O executivo explica que os produtos da indústria calçadista perderam espaço no orçamento das famílias, primeiro com a preferência por bens duráveis, e agora com o aumento do endividamento e a desaceleração na alta da renda.

Seguindo nessa tendência, o setor deve ter até mesmo uma redução nas vendas em comparação com o ano passado. "No Natal de 2013, já houve uma queda em relação a 2012. À luz do que conhecemos hoje, precisaria ocorrer algo muito forte para uma recuperação, e isso não está no horizonte", diz Klein.

Na indústria têxtil, o retrato também é de pedidos próximos de zero. "As encomendas começam a acontecer, mas não é (ritmo) avassalador", conta o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel. Segundo ele, as carteiras de pedidos para o setor estão magras.

Com receio de ficarem com mercadorias encalhadas, é provável que os varejistas adiem ao máximo os pedidos, deixando para a última hora. O risco disso é que a indústria não dê conta e deixe alguns estabelecimentos de prateleiras vazias. A Abit espera avanço de 2% no varejo de tecidos e vestuário, menos da metade de 2013. Na indústria, contudo, a projeção é de queda real de 4% no faturamento. (AE)



Veículo: Diário do Comércio - MG


Veja também

Brinox passará a fabricar novas peças

Após terceirizar a produção de utensílios de alumínio, como panelas e frigideiras, po...

Veja mais
Lojas Americanas tem novo ponto em Crateús

A loja inaugurada em Crateús mantém o padrão de estrutura adotado pela companhia varejista e traz p...

Veja mais
Abic: preço do café ao consumidor deve ter alta

Com as perdas provocadas pela estiagem já confirmadas, os preços pagos pela saca de café no pa&iacu...

Veja mais
Produtos da linha branca tiveram queda de 5% no primeiro semestre

As vendas da indústria em volume de eletrodomésticos da linha branca fecharam o primeiro semestre deste an...

Veja mais
Bebida, biscoito e xampu respondem mais a promoções

Estratégia funciona melhor para produtos usados na mesma ocasião, como creme dental e enxaguatórioE...

Veja mais
BTG Pactual revisa projeções para companhias de varejo

O BTG Pactual atualizou suas estimativas para as ações do setor de varejo. Das empresas cobertas pelo banc...

Veja mais
Expansão do e-commerce exige melhor gestão do sistema de entrega

Hoje, cerca de 90% dos lojistas virtuais utilizam o serviço dos Correios no Brasil. Mas também é pr...

Veja mais
Valor Bruto da Produção da agropecuária mineira deve recuar 0,7% neste ano

Culturas foram avaliadas em R$ 46,4 bi, com alta de 1,4% na pecuária e retração de 2,3% na agricult...

Veja mais
Consumo de iogurtes quadruplicou no país na última década

Indústria comemora vendas. Mineira Trevo Alimentos, um dos maiores produtores do estado, está pronta para ...

Veja mais