BTG Pactual revisa projeções para companhias de varejo

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O BTG Pactual atualizou suas estimativas para as ações do setor de varejo. Das empresas cobertas pelo banco, apenas Lojas Renner teve seu preço-alvo elevado. Já os preços estimados para as companhias Arezzo, Natura, Hypermarcas, Pão de Açúcar, Magazine Luiza e CVC foram reduzidos. Nos casos de B2W, Lojas Americanas, Raia Drograsil, Hering e Marisa, a projeção de preços foi mantida.

Em relatório, o banco destaca que os preços da ações do varejo não estão ajudando. "O setor de maneira geral está caro, negociando a 16,2 vezes o lucro estimado para 2015. São poucas as ações que parecem baratas", escrevem os analistas do BTG Fabio Monteiro e Thiago Andrade, que assinam o documento enviado a clientes na semana passada.

Das ações preferidas, segundo os analistas, apenas Hering pode ser considerada barata. Completam a lista Lojas Americanas e Pão de Açúcar. A preferência pelos papéis, contudo, deve-se a fatores como retorno sobre capital investido (Roic) marginal, qualidade e resiliência do negócio, vantagens competitivas e cenário positivo de curto prazo.

No caso de Renner, o preço-alvo para 12 meses subiu de R$ 73 para R$ 80, um potencial de valorização de cerca de 15%. A recomendação de compra, estabelecida em janeiro, foi mantida, apesar da alta de aproximadamente 18% acumulada no ano. Os analistas Fabio Monteiro e Thiago Andrade destacam, no documento, que, além de as perspectivas de longo prazo serem ótimas, o cenário de curto prazo para a companhia é melhor do que para suas concorrentes no segmento de vestuário.

Neste terceiro trimestre, segundo a instituição, a Renner deve apresentar bons resultados. O BTG projeta aumento das vendas pelo conceito "mesmas lojas" - em estabelecimentos abertos há pelo menos um ano - em 7% no período e uma sólida margem bruta, pois a empresa não precisou fazer muitas promoções. "Ainda não prevemos qualquer deterioração significativa na qualidade dos indicadores de crédito, mas isso merece monitoramento no curto prazo", afirma a equipe de análise.

No caso das companhias que tiveram o preço-alvo cortado, com exceção de Natura, que tem recomendação de manutenção, a sugestão é de compra. De acordo com os analistas Fabio Monteiro e Thiago Andrade, nos próximos 12 a 18 meses as empresas devem ser afetadas por um cenário de desaceleração econômica e queda na confiança do consumidor, que resulta em crédito mais restrito e menor poder de compra.

Os analistas ponderam que o ambiente macroeconômico está difícil há mais de dois anos, mas algumas companhias superam o desempenho de seus pares, casos de Renner, Lojas Americanas (também com indicação de compra) e Hypermarcas. As companhias com as melhores perspectivas no curto prazo, além de Renner, são Via Varejo, Pão de Açúcar, CVC e Raia Drogasil (com recomendação de manutenção), segundo o BTG. "A Via Varejo e o Pão de Açúcar podem sofrer uma desaceleração das vendas, que seria mais que compensada por uma forte rentabilidade, sem mencionar a potencial abertura de capital da C-Nova, que libera um importante valor", afirma a equipe de análise.

Já a receita da CVC deve se recuperar no terceiro trimestre, depois dos efeitos negativos da Copa do Mundo, enquanto a Raia Drogasil pode mostrar o melhor conjunto de resultados em igual período, segundo o BTG.

Do lado negativo, a Natura sofreu o maior corte de preço-alvo, que passou de R$ 52 para R$ 43. A empresa continua a ter dificuldades para reverter a perda de participação da venda direta ante as grandes varejistas de beleza, o comércio eletrônico e as drogarias. Com isso, os retornos diminuem, numa tendência que não deve se reverter logo. Natura, ao lado de Marisa - a única com recomendação de venda, por conta da dificuldade de manter um crescimento saudável das vendas, de margens apertadas e da preocupação com o negócio de crédito ao consumo diante da inadimplência -, figura entre as ações de que o BTG menos gosta.


Veículo: Valor Econômico


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