Importação afeta produção de alho em Minas Gerais

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O grande volume de alho vindo do mercado externo compromete a rentabilidade e desestimula os agricultores

 

Michele Valverde


O clima favorável e os preços rentáveis praticados no período do plantio permitiram a expansão da cultura de alho em Minas Gerais. De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), somente neste ano serão colhidas 21,15 mil toneladas, ante as 20,3 mil toneladas produzidas em 2013, alta de 3,94%.

A produção de alho no Estado tem grandes possibilidades de crescimento, já que a demanda é maior que a oferta, o que mantêm Minas Gerais ainda dependente das importações.

O problema é que o grande volume de alho vindo do mercado internacional compromete a rentabilidade e desestimula os agricultores mineiros a investir na cultura. Segundo os últimos dados disponíveis, no primeiro semestre as importações de alho cresceram 250%, com o ingresso de 526,5 mil toneladas no Estado, provocando queda de 30% nos preços praticados no mercado interno.

Os países fornecedores de alho para o Estado são a China e a Argentina. De acordo com o superintendente de Política e Economia Agrícola da Seapa, João Ricardo Albanez, ao longo do primeiro semestre a Argentina respondeu por 66% dos desembarques e a China pelo restante.

Entre janeiro e junho, os preços pagos pelo alho recuaram 30%, com o produto sento cotado, em média, a R$ 6,40 o quilo. No mesmo intervalo do ano passado o mercado estava pagando R$ 8,28 pelo quilo .

Segundo Albanez, as importações são necessárias, já que a produção em Minas Gerais é bem menor que o consumo. Porém, por outro lado, o produtor tem o retorno financeiro prejudicado, devido à concorrência com o alho internacional. Com o produtor desanimado com a cultura, a produção mineira não cresce tanto quanto poderia. "Existe facilidade em se importar o alho, pois não foram criadas políticas que limitem as negociações", enfatiza.

Colheita - A colheita da safra 2014 do alho foi iniciada e deve se estender até outubro. A produtividade, de 13,6 toneladas por hectare, ficou estável. A área destinada ao produto foi ampliada em 3%, totalizando 1,55 mil hectares.

Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), além da concorrência com o alho importado, o custo para o trato da cultura, que é totalmente irrigada e demanda o uso de alta tecnologia, é elevado.

Para produzir um hectare de alho são necessários investimentos da ordem de R$ 50 mil, o que leva à concentração da cultura para as mão de grandes produtores. Mesmo com os preços em queda, com o quilo em média cotado em junho a R$ 7,41, a lavoura ainda está rentável, uma vez que o custo de produção está próximo de R$ 5 o quilo.

A principal região produtora do Estado é o Alto Paranaíba, que concentra os quatro maiores municípios. O primeiro é Rio Paranaíba, com safra estimada em 11,1 mil toneladas e 740 hectares em produção; em segundo lugar vem Campos Altos, onde serão colhidas 2,25 mil toneladas de alho.

A produção também é significativa em Santa Juliana, com 1,68 mil toneladas em área de 105 hectares; em São Gotardo são 100 hectares ocupados pela cultura e a produção estimada é de 1,5 mil toneladas. A produtividade média registrada nos municípios é de 15 toneladas por hectare.

De acordo com o extensionista agropecuário da Emater-MG - escritório de Rio Paranaíba - Admilson da Costa e Silva, a colheita, que foi iniciada em julho, vem confirmando a boa qualidade do alho gerado em Minas Gerais.

"O alho produzido em Minas possui qualidade superior e tem espaço para crescer, porque há demanda no mercado. Porém, mesmo garantindo lucro para os agricultores, a concorrência com o produto importado acaba gerando insegurança e, assim, impedindo investimentos para expansão da safra mineira", observa Silva.


Veículo: Diário do Comércio - MG

 


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