Natal não anima indústria mineira

Leia em 2min 50s

O Natal deste ano não deverá ser dos melhores para a indústria mineira. As encomendas do varejo voltadas para formação de estoque para a data ainda não tiveram início, contrariando a lógica histórica. Pelo que tudo indica, os comerciantes vão iniciar as compras pelos produtos importados e passarão para os nacionais apenas se houver demanda que justifique. Como resultado, ao invés de contratar temporários, os industriais estão demitindo funcionários para reduzir os custos na época que deveria ser a melhor do exercício.

Mesmo as roupas sendo um dos produtos mais demandados durante o fim do ano, a indústria têxtil ainda não sentiu os efeitos positivos. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Malhas no Estado de Minas Gerais (Sindmalhas), Flávio Roscoe, na melhor das hipóteses o setor fechará o segundo semestre no mesmo patamar de mesmo período de 2013.

E as encomendas ainda não chegaram aos industriais. "A cadeia vem se programando menos. O mercado vai se abastecer de última hora porque está comprando os importados primeiro, que demoram mais para chegar no país. Eles deverão complementar as compras depois com os produtos nacionais", afirma. O problema de as encomendas chegarem mais tarde, segundo Roscoe, é o fato de não haver tempo hábil para se produzir em grande escala. Dessa forma, o resultado acaba sendo produção menor.

Calçados - Os calçados, que costumam ser bastante demandados nas festas de fim de ano, também sofrem com baixa nas encomendas. Segundo o Sindicato da Indústria de Calçados do Estado de Minas Gerais (Sindicalçados-MG), Jânio Gomes, o setor não deverá crescer neste ano. "Cheguei a ter expectativa de crescermos entre 3% e 5% neste ano, mas com o primeiro semestre ruim, e as encomendas para o Natal escassas, acho que vamos no máximo manter o resultado registrado no ano passado", afirma.

Para evitar prejuízos, os empresários da indústria de calçados estão produzindo menos e demitindo parte da mão de obra ociosa. Ele explica que, além da concorrência dos produtos importados, internamente também existe forte disputa. Com os mercados de outros países menos demandantes, produtores brasileiros exportam menos e vendem mais no mercado interno. E essa concorrência piora ainda mais a situação de cada empresa individualmente.

O analista de economia da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Juan Moreno de Deus, explica que a tendência é de formação de estoque menor neste ano em relação aos anteriores no varejo.

O desaquecimento da economia e o receio de as vendas ficarem abaixo do esperado são algumas das justificativas que levam os lojistas a pisarem no freio. Além disso, o comércio está muito estocado, o que elimina a necessidade de se comprar uma série de itens.

A indústria de brinquedos segue na contramão dessa tendência negativa e trabalha com expectativa de crescimento de 12% nas vendas neste semestre frente ao mesmo período de 2013.

O presidente da Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, explica que o setor tem algumas características que o isenta de sofrer as conseqüências de uma crise econômica. "Nós trabalhamos com sonhos. As pessoas podem deixar de comprar uma roupa nova ou de trocar o carro. Mas os pais tentam sempre dar um presente para os filhos, mesmo que escolham uma lembrancinha mais barata. Mas raramente a data passa em branco se for um costume da família presentear no Natal", afirma.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


Veja também

Reajustes de material escolar superam inflação no Pará

Maioria dos produtos teve aumento de preços acima da inflaçãoRenovar o material escolar para o segu...

Veja mais
Linha branca tem pior desempenho dos últimos 10 anos

De janeiro a junho, o número de eletrodomésticos comercializados da indústria para o comérci...

Veja mais
Importação afeta produção de alho em Minas Gerais

O grande volume de alho vindo do mercado externo compromete a rentabilidade e desestimula os agricultores   Miche...

Veja mais
Vendas da Whirlpool caem durante a Copa mas empresa aposta na recuperação

Presidente da Whirlpool Latin America falou aos empresários de Joinville na AcijClaudio LoetzO presidente da Whir...

Veja mais
Para além dos presentes tradicionais

Automóveis, roupas, sapatos, smartphones e aparelhos de TV e DVD já fazem parte da lista de presentes que ...

Veja mais
Melhoria da logística depende de investimentos privados

Nayara FigueiredoA melhora nos sistemas de logística para escoamento das safras agrícolas do Brasil deve v...

Veja mais
Sobe a utilização de cartões com pagamentos sem juros

Vivian ItoO cartão de crédito é um dos meios mais utilizados pela população brasileir...

Veja mais
Redes se reinventam para conquistar consumidores

Flávia MilhassiAdotar cartão próprio, investir em parceria com estilistas e promoções...

Veja mais
Lucro da Colgate-Palmolive sobe no 2ºtri para US$ 622 mi

A Colgate-Palmolive anunciou nesta quinta-feira que teve lucro líquido de US$ 622 milhões no segundo trime...

Veja mais