CVS negocia compra para buscar liderança

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A CVS Caremark negocia a compra da Drogarias Pacheco São Paulo (DPSP), segunda maior rede de farmácias no país, para encostar na líder Raia Drogasil. Como informado na manhã de ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, a definição do multiplicador sobre lucro antes juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, da sigla em inglês), usado para calcular o valor da venda, emperra o fechamento da operação.

Mas há espaço para negociar a questão na avaliação da CVS, o que aumenta a possibilidade de que a rede americana feche negócio.

Segundo fonte próxima à negociação, os controladores da DPSP não aceitaram proposta inicial de 13 a 14 vezes o valor do Ebitda, de cerca de R$ 345 milhões em 2013, equivalente a R$ 4,4 bilhões. Os sócios da rede acham possível negociar algo a partir de 17 a 18 vezes o Ebitda - valor mínimo, portanto, de cerca de R$ 5,9 bilhões.

Partem do pressuposto que as últimas negociações do setor transitaram na faixa de 17 a 25 vezes o valor do Ebitda, e não haveria acordo para índice inferior a esse piso.

Ao se considerar o teto das últimas operações feitas nesse mercado, de 25 vezes o Ebitda, o montante atinge R$ 8,6 bilhões. A CVS comprou 100% das ações da Onofre em 2013, com 44 lojas na época, por R$ 670 milhões, valor na faixa de 20 vezes o Ebitda. Houve um encarecimento dos ativos de farmácias no país após 2011, com aumento do interesse de redes estrangeiras nas cadeias brasileiras.

Se avançar nas conversas com a DPSP, a CVS deve encostar na líder Raia Drogasil. Em 2013, a Raia Drogasil teve receita líquida de R$ 6,24 bilhões. Com a DPSP e Onofre, juntas, a venda atingiria cerca de R$ 6 bilhões, apurou o Valor. A soma equivale a 2% das vendas de US$ 126 bilhões da CVS em 2013. O comando da CVS no mundo já afirmou que pretende estar entre os três maiores do setor no Brasil.

Com pouco mais de 800 farmácias no país, a DPSP teve lucro líquido de R$ 186,6 milhões em 2013, alta de 24%. A receita líquida alcançou R$ 5,47 bilhões, avanço de 14% - obtido, em grande parte, pela iniciativa de fortalecer o crescimento orgânico no ano passado.

Segundo informações que circulam no setor, esse foco maior em expansão acelerada - 100 lojas foram abertas em 2013 - ajudou a dar novo fôlego à operação de maneira que uma eventual negociação passasse a envolver números de Ebitda em níveis mais altos. A operação de integração das duas redes Pacheco e São Paulo estaria caminhando de forma mais lenta dentro desse contexto de mudança no controle. "Com a possibilidade de se desfazer do negócio, a integração acaba mesmo ficando em segundo plano", diz uma fonte.

Como antecipou o Valor em janeiro, a CVS tem buscado novos negócios no Brasil desde 2013. O jornal "O Estado de S. Paulo" informou neste mês que a CVS contratou o banco Pátria para procurar ativos no país. Ontem, a revista "Exame" informou que a CVS ofereceu R$ 4,5 bilhões pela varejista, que teria contratado o Morgan Stanley para tratar das negociações. A DPSP não confirma as informações sobre a venda.

A CVS tem buscado opções mais rápidas de crescimento no país para reduzir dependência dos EUA, com expansão mais lenta. A CVS cresceu 3% em 2013 e a Walgreen, 0,8%. Já no Brasil, o segmento cresceu 14% no ano passado, segundo associação do setor. A CVS também busca ampliar a operação local no momento em que suas rivais Walgreen e Alliance Boots, maior grupo varejista de farmácias do mundo, começam a entrar no país.

A Boots adquiriu as redes Ahumada e Benevides no Chile e México semanas atrás, o que lhe deu o direito de abrir pontos da varejista de suplementos GNC no Brasil. Stefano Pessina, CEO da Alliance Boots, disse neste mês que tem interesse em fazer aquisições no país.

No grupo de sócios, a família Barata, dona da Pacheco, tem participação de 51% na DPSP. Já o grupo de 12 sócios da Drogaria São Paulo ficou com 49% do negócio e indicou o presidente, Gilberto Ferreira. Ronaldo de Carvalho é o acionista na linha de frente da Drogaria São Paulo e filho do fundador Thomaz Carvalho. Pela família Barata, da Pacheco, está Samuel Barata, 83 anos, presidente do conselho de administração da DPSP.



Veículo: Valor Econômico


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