Varejo esportivo: Vendas ainda estão aquém do esperado

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O brasileiro ainda não vestiu a camisa da Copa. A três semanas dos jogos, as vendas de produtos temáticos da competição - principalmente os oficiais - estão abaixo do esperado pelas varejistas.

"O Brasil ainda não entrou na febre da Copa. Só no clima das preocupações com a Copa", diz Malte Horeysech, sócio-diretor de compras da Dafiti Sports, varejista on-line de artigos esportivos.

Na Centauro, maior rede de artigos esportivos do país, as vendas de camisas e bolas relacionadas à Copa começaram a melhorar depois da convocação da seleção brasileira, mas ainda assim estão em 79% do que era esperado para o período. Antes disso, o índice estava em 50%, disse Sebastião Bonfim, presidente da rede. "Estamos confiantes de que a tendência é só de melhora da performance da categoria", disse.

Nas redes Esposende e Paquetá Esportes, do Grupo Paquetá, as vendas dos itens vinculados à competição estão cerca de 25% abaixo do que era previsto, até agora. "A verdade é que parte da população está contra a Copa e isso influencia o ânimo de quem estaria disposto a comprar uma camisa da seleção, por exemplo", diz Rodrigo Bacher, diretor da Paquetá Esportes.

Para Bacher, as vendas da categoria devem acelerar, mas apenas se as manifestações nas ruas não crescerem. "No Recife, com a greve da PM, houve até shopping que fechou as portas. Isso é muito ruim para o setor".

Charles Knapp, diretor comercial do Walmart Brasil, diz que não dá para dizer ainda se há um espécie de boicote ao consumo de produtos para a Copa, pois a varejista já projetava que o consumidor só iria mostrar uma reação mais forte na semana imediatamente anterior ao evento.

"Foi assim que os nossos clientes se comportaram nas Copas recentes, conforme levantamos. Colocamos produtos de tíquete bastante baixo e as vendas estão dentro das expectativas", afirmou Knapp.

O Walmart tem 61 itens com o tema Brasil, entre bandeiras, cornetas, petisqueira, camisetas e poltrona inflável. Produtos oficiais do evento, no entanto, só começarão a ser vendidos na varejista a partir da semana que vem.

Horeyseck, da Dafiti Sports, apostas duas fichas nas duas semanas que antecedem a Copa, quando a varejista deve aumentar as ações de marketing na internet. "Achávamos que o grande movimento já começaria um mês antes da Copa, mas parece que vai ficar mais para última hora", disse o executivo.

Segundo ele, os produtos de valores mais baixos já estão vendendo bem, o que não está acontecendo com o artigos oficiais do evento, que têm preço mais elevado.

Para o varejo de modo geral, o período que compreende os jogos é ruim por conta de feriados ou pontos-facultativos decretados nas cidades. Sérgio Herz, presidente da Livraria Cultura, resume a Copa como "um desastre" para a empresa em termos de faturamento. "Estamos prevendo uma queda de 30% das vendas em relação ao mesmo período do ano passado", disse, durante painel no congresso de varejo Brasilshop, na semana passada, em São Paulo.

No entanto, o que sabidamente já seria ruim pode ficar pior. José Luiz da Silva Cunha, diretor-executivo da Abvtex, entidade que representa as grandes varejistas de vestuário do país, diz que o recuo das vendas por causa de feriados já estava na conta das empresas. "A questão é que se as manifestações ganharem escala, pode ocorrer o que vimos no ano passado, como fechamento de lojas nas ruas e perda de dias úteis de vendas", diz.

Para Bonfim, da Centauro, o empresário brasileiro hoje torce para três coisas: que não tenha baderna na Copa, nem apagão e nem falta de água em São Paulo. "O Brasil já não é mais a bola da vez. Corremos o risco de nos tornar o país que todo o mundo quer evitar".

Nabil Sahyoun, presidente da Alshop, que representa os lojistas de shoppings, diz que o setor está de "sobreaviso" para entrar com mandado de segurança exigindo que os Estados atuem na defesa dos empreendimentos, caso ocorra algum problema. "Há uma preocupação grande depois da experiência do 'rolezinho' no ano passado", afirma.

Enquanto isso, as redes fazem o que podem para minimizar os efeitos adversos. Na Marisa, os resultados do primeiro trimestre mostraram uma elevação dos estoques e segundo Arquimedes Sales, diretor de vendas e produtos financeiros da varejista, parte disso é uma prevenção contra eventuais problemas logísticos na Copa.

Já a Restoque, dona da Le Lis Blanc, estuda adiar para o início de julho a liquidação que costuma fazer em junho. "Seria uma forma de impulsionar as vendas durante a Copa e preservar a venda com preço cheio fora da época da competição", disse Livingston Bauemeister, presidente da empresa.




Veículo: Valor Econômico


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