A uma semana de se encerrar a estação, há fortes indícios de que produtores e comerciantes de artigos típicos de verão viveram neste 2014 um ano sem precedentes. Na parte mais visível desse mercado – bebidas e sorvetes – os dados preliminares são animadores. Segundo pesquisa da Nielsen, as vendas de cerveja no País no início do período (dezembro de 2013/janeiro de 2014) cresceram 12,6% em volume ante o mesmo período de 2013; as de refrigerantes, 1,7% e as de suco pronto, 25,9%. As vendas de sorvete aumentaram 35,4%. "E é esperada a mesma tendência de crescimento em fevereiro, por conta da continuidade do calor", afirma o executivo de atendimento da Nielsen, Henrique Suarti Reis.
Nada mau, especialmente para os fabricantes de cervejas e refrigerantes, que vieram de um sofrível 2013. Os primeiros produziram no ano passado 1,99% (273,5 mil litros) a menos que em 2012; os segundos perderam 3,60%, ou 582,8 mil litros, na mesma comparação. Os dados são do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe) da Receita Federal – portanto, levantamento acurado, já que é a base para a arrecadação de impostos dos fabricantes.
Ao calor atual é creditada boa parte do crescimento de 0,4% do comércio varejista em janeiro (veja também nesta página), que surpreendeu o mercado, que esperava uma redução das vendas. "O intenso calor ocorrido durante o mês de janeiro pode ser um dos fatores que explicam o avanço das vendas", diz relatório da LCA, consultoria que previa uma queda de 0,3% nas vendas na comparação com dezembro.
Ar condicionado – O clima, que preocupa o setor elétrico devido ao acionamento das usinas térmicas, turbinou as vendas do ramo de eletrodomésticos e móveis, que subiu 1,2% as vendas de dezembro para janeiro, apesar do fim do desconto do IPI reduzido em alguns produtos.
Com o verão intenso, aumentou a procura por aparelhos como ar condicionado e ventiladores. Recentemente a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) anunciou que em janeiro e início de fevereiro a produção de ventiladores subira 20% em relação ao mesmo período do ano passado e a de ar-condicionado, 15%. Normalmente, ressalta a Eletros, a indústria aumenta a produção 10% nesse período. Para dar conta da demanda, as fábricas já tiveram que criar novos postos de trabalho ou mais um turno.
Outro ramo que pode ter se beneficiado pela onda de calor foi o de supermercados, alimentos e bebidas, cujas vendas subiram 1% de janeiro para dezembro. "A aceleração dos preços de alimentação no domicílio entre dezembro e janeiro, segundo o IPCA, sustentava nossa estimativa mais pessimista do varejo, dado que o segmento de hiper e supermercados representam cerca de metade do comércio", avalia a consultoria LCA.
Veículo: Diário do Comércio - SP