Indústria têxtil aposta em dias melhores

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Após redução entre 3% e 5% na produção do ano passado, setor em Minas acredita em expansão neste exercício

O setor têxtil, que nos últimos anos vem amargando pesada concorrência dos produtos importados, acentuada principalmente por um real mais valorizado e pelo custo Brasil, tem agora a perspectiva de dias melhores. Desde a semana passada, quando o governo dos Estados Unidos confirmou que iria injetar menos recursos na economia, por meio de seu banco central, o Federal Reserve (Fed), o valor da moeda americana deu novo salto, chegando ao patamar de R$ 2,42 no Brasil.

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Malhas de Minas Gerais (Sindimalhas/MG), Flávio Roscoe, no ano passado o segmento em Minas Gerais registrou uma queda de produção estimada entre 3% e 5%. Mas para este exercício, as expectativas são bem melhores. "Caso o dólar continue nesse patamar, pode ser que haja algum crescimento em 2014", projeta, ressaltando, no entanto, que para a atividade a cotação ideal seria de R$ 3,00, inclusive como meio de compensar o custo Brasil, que continua muito alto, diminuindo a competitividade dos produtos brasileiros.

Porém, para ele, mais do que o alargamento dessa diferença, "o ideal seria a estabilidade da moeda, considerando que muitos insumos são comprados em dólar". Com as oscilações, como se viu principalmente a partir do segundo semestre do ano passado, não há como fazer planejamento e, em alguns casos, a variação pode significar compras na alta e vendas na baixa.

Em outubro, por exemplo, a moeda americana chegou a R$ 2,19, quase alcançando a baixa de 26 de junho passado, quando ela fechou em R$ 2,18. A tendência, no entanto, é de manutenção dos valores do dólar nos patamares atuais. O último boletim Focus do Banco Central, divulgado ontem, indicou que a expectativa é de que a moeda americana chegue a R$ 2,47 no final de 2014.

Para Roscoe, considerando que em 1999 o dólar estava em R$ 2,00 e que desde então "o salário mínimo praticamente triplicou", esses patamares atuais estão longe de significar grande valorização. A julgar este ano de Copa do Mundo e eleições gerais, ele diz que não há expectativas de programas de governo para o setor. Nesse sentido, indica, a previsão de melhorias está mesmo atrelada a essa desvalorização do real.


Estabilidade - O presidente do Sindicato da Indústria de Tecelagem e Fiação do Estado de Minas Gerais (Sift-MG), Fabiano Soares Nogueira, também considera a perspectiva de estabilização da moeda uma condição melhor do que uma grande valorização do dólar. "Há dois anos as desvalorizações do real vêm acontecendo de forma civilizada. O problema é ter desvalorização desenfreada, instabilidade e volatilidade", aponta, lembrando que insumos como produtos químicos, energia e algodão têm seus preços atrelados à moeda norte-americana.

Segundo ele, embora nos últimos anos a desvalorização do real frente ao dólar, de cerca de 20% em 2012, e de outros 20% em 2013, pareça muito e traga como fator negativo o aumento dos preços dos insumos, "havia uma defasagem de câmbio muito grande", justifica, lembrando que, em julho de 2011, por exemplo, o dólar fechou a R$ 1,55, a menor taxa desde 1999. "Se conseguimos sobreviver com um câmbio desses, nos patamares de R$ 2,40 será uma maravilha", projeta.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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