Importação de tomate do Brasil provoca polêmica na Argentina

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Depois de receber críticas, governo convocou produtores para debater a questão

A importação argentina de tomates do Brasil, anunciada na quarta-feira pelo chefe de Gabinete de Ministros, Jorge Capitanich, transformou-se em uma grande polêmica na Argentina, que coloca em dúvida a medida. Depois de receber uma saraivada de críticas pela decisão, o governo convocou os produtores e representantes da cadeia deste segmento “para saber qual é a verdade sobre o tomate no país”, segundo explicou Capitanich.

O ministro detalhou que a decisão de importar tomates havia sido tomada após receber reclamações por parte de um grande supermercadista sobre o possível aumento dos preços do produto, nos próximos dez dias, por problemas climáticos. Porém, logo após o anúncio feito na manhã de quarta-feira, choveram críticas dos produtores e associações que os representam.

A Argentina é um dos principais produtores de alimentos do mundo, e a medida soou como uma ofensa para os agricultores, que informaram ao governo que não haverá falta de tomate. Além disso, eles alertaram que a entrada do tomate brasileiro no mercado poderia provocar um enorme prejuízo para a produção local. Os agricultores juram que não haverá desabastecimento e que os preços serão mantidos. Porém, no ano passado, o quilo do tomate chegou a custar 40 pesos (R$ 14,5).

“Queremos saber a verdade. Queremos saber quem mente. Queremos saber se há bens e se chegarão em condições de preço e qualidade ao consumidor”, informou Capitanich em sua costumeira entrevista coletiva à imprensa ao chegar à Casa Rosada. O ministro de Economia, Axel Kicillof, fez o mesmo quando chegou para trabalhar e esclareceu que os 194 produtos que fazem parte do congelamento iniciado no último dia 6, denominado “preços cuidados”, serão garantidos pelo governo em termos de volume e preços. Ambos disseram que se houver falta de algum produto, a demanda doméstica será suprida por importações.

“Nossa intenção é cuidar o bolso dos consumidores. Se houver problemas sazonais e não houver outra solução, vamos permitir a importação para que os preços sejam respeitados e a população tenha estes preços que negociamos”,  disse Kicillof. Na lista de preços congelados dos supermercados, o tomate em lata de 400 g custa 7 pesos (R $2,50), enquanto o tomate fresco vale 11,50 pesos (R$ 4,16). Mas, nas quitandas dos bairros, o quilo do tomate custa mais caro: entre 13 e 14 pesos (entre R$ 4,71 e R$ 5,07).

No Brasil, embora o tomate tenha sido um dos vilões da inflação no ano passado, agora vive sua safra com preços acessíveis, em torno de R$ 2,60, na feira. O anúncio de importação de tomates e de outros produtos apontava mudança de política argentina, que vem aplicando barreiras a todos os produtos importados que têm produção similar no país, com a ideia de promover a substituição de importação para desenvolver a indústria nacional. As barreiras têm prejudicado não só os consumidores, já que a oferta doméstica é insuficiente e provoca elevações dos preços, mas também às próprias indústrias, que enfrentam escassez de insumos para suas produções.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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