Redes devem ampliar oferta de crédito aos consumidores

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Com a confiança dos bancos em queda devido à inadimplência, o comércio terá de usar dinheiro próprio para o parcelamento de produtos aos clientes

 

Tudo indica que uma das estratégias das grandes redes varejistas este ano será a ampliação da concessão de crédito aos clientes, para manter as vendas aquecidas. Após a desistência de diversas redes bancárias em subsidiar as compras do consumidor por meio dos cartões de crédito, a solução encontrada foi a utilização do private label (cartão próprio).


Com essa medida, os players de vários segmentos do setor podem evitar a queda nas vendas e até ajudar na concretização da expectativa identificada pela pesquisa de intenção de compras feita pelo Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), em parceria com a Felisoni Consultores Associados. O levantamento identificou uma maior intenção de compra de bens duráveis, como artigos de linha branca e televisores neste ano.


O diretor de pesquisas do Provar/FIA, Nuno Fouto, afirmou ao DCI que como esses itens são de maior valor agregado a necessidade de parcelamento (crédito) se faz maior e os bancos, de dois anos para cá, cortaram a maioria das parcerias com o varejo. "Sem a concessão de crédito oriunda dos bancos, os varejistas terão que emprestar ao consumidor", disse o especialista. Toda essa preocupação deve-se ao fato de o consumidor estar mais disposto a comprar esses artigos. A pesquisa do Provar/FIA identificou que 10,6% dos brasileiros entrevistados - de uma base de 500 pessoas ouvidas - tem interesse de adquirir, até o mês de março, algum artigo de linha branca, tais como geladeira, fogão, micro-ondas, fogão ou máquina de lavar roupas. Ainda segundo o estudo, 9% podem comprar eletrodomésticos, seguidos de 7,4% interessados em móveis (decoração), 7,2% em automóveis e motos; 6% em
telefonia e 3% eletroportáteis.


Fouto ressaltou que mesmo com a necessidade de financiar as compras ao consumidor, o varejista, em especial o de grande porte, aprendeu a dizer "não", em alguns casos. "Os bancos conseguem recuperar de forma mais rápida o prejuízo, já os empresários sentem mais dificuldade. Com isso, eles aprenderam a dizer não há certos consumidores", explicou. Entre os players que já emprestam dinheiro próprio ao consumidor, Fouto mencionou redes como Ricardo Eletro, Casas Bahia e Supermercados Yamada. "É incrível o que o Fernando Yamada (presidente da empresa que leva seu sobrenome) faz. O Ricardo Eletro também!".


Outro indicador que é destacado pelo consultor é a negociação com a indústria. Segundo o especialista, o jogo de "ganha e ganha" deve estar igualado entre as partes (comércio e varejo). Sem isso, quem sofre é o

consumidor, com preços mais altos. "Se não houver essa negociação entre as partes haverá alto do preço. E o consumidor não quer pagar mais caro pelos produtos", disse ele.


Empréstimos - O comércio tem ampliado a sua procura por crédito no País. Em janeiro de 2013, o Banco Central (BC) registrou aportes superiores a R$ 222 bilhões, só no setor. Em dezembro, esse montante chegou a mais de R$ 237 bilhões. Ao longo do ano passado houve variação positiva de 1,6% ao mês, como indica determinada área do site do Banco Central.


Mesmo com todos os indicadores apontando que 2014 será melhor ao comércio em geral, Fouto levantou a bandeira sobre a efetividade que a Copa do Mundo - evento esportivo que ocorrerá no Brasil, nos meses de junho a julho - terá nas vendas. "Precisamos analisar o quanto as empresas podem lucrar com a Copa. Não sabemos estimar o quanto a Copa das Confederações antecipou a compra de televisores, por exemplo", falou. Questionado sobre a possibilidade de um "mico de vendas" no período, o coordenador de pesquisa do Provar/FIA, não descartou a hipótese. "Podemos ter um efeito contrário nesse movimento de venda sim".

 

Veículo DCI


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