Lego se reinventa e cresce mais do que concorrentes

Leia em 5min

Os fãs do Lego não precisam mais se preocupar com a possibilidade de o gato ou o cachorro derrubarem suas construções. Eles poderão afugentar bichos de estimação inoportunos ou irmãos menores com a R3ptar. A "cobra robótica", que pode ser programada a partir de um aplicativo do smartphone, é equipada com uma mandíbula mecânica e com caninos que enxotarão até o irmãozinho mais arrojado.

O R3ptar está entre as criações com as quais a fabricante dinamarquesa de brinquedos conta para continuar relevante na era da internet - e no Natal. A ampliação de sua linha de produtos para atrair usuários mais velhos com kits mais complexos está ajudando a Lego a manter um crescimento mais acelerado que o das concorrentes Mattel e Hasbro. O sucesso da Lego "está em abraçar o que [o ambiente] digital é capaz de fazer", diz o diretor de marketing Mads Nipper. Como prova, ele cita os 20 milhões de visitantes mensais dos sites da Lego e os mais de 100 milhões de exemplares de jogos de videogames vendidos por suas parceiras licenciadas.

Ainda controlada pela família do carpinteiro Ole Kirk Kristiansen, que fundou a empresa em 1932, a fabricante se distanciou bastante da época em que produzia ioiôs, patinhos e carros de bombeiro feitos de madeira. Para aumentar sua atratividade para as meninas, lançou a série Lego Friends, que inclui um navio de cruzeiro e um playground para gatos. Em fevereiro a empresa vai lançar um longa-metragem de animação estrelado por Chris Pratt, Will Ferrell e Morgan Freeman. E também está resgatando construtores mais velhos com kits para recriar prédios memoráveis, como a Casa Branca, o Big Ben e casas projetadas por Frank Lloyd Wright.

A cobra do R3ptar pode ser montada a partir de um kit de 601 peças lançado este ano, que inclui sensores, software e motores para controlar os movimentos e a fala do robô. Conhecido como EV3, o kit, que custa US$ 350, é a terceira versão da série Mindstorms, lançada em 1998. Inclui instruções para criar cinco robôs que andam e falam, entre os quais a cobra; o Skip3r, semelhante a um escorpião; e o Ev3rstorm, baseado nos índios americanos Mohawk. "Esses robôs têm um ar desafiador", diz o projetista Lars Joe Hyldig, que passou cerca de três anos para desenvolver esses personagens. "Eles podem surpreender."

Embora sejam suficientemente simples para serem montados por crianças de 10 anos, os brinquedos da série Mindstorms são comprados por muitos adultos para uso próprio, afirma a Lego. "Estou ansioso por comprar alguns desses para minhas sobrinhas e sobrinhos e para 'ajudá-los' a montar", escreveu o fã Tom Cullen no Twitter em setembro. A Lego convidou fãs adultos do mundo inteiro para ajudar a criar 12 projetos bônus para o novo kit EV3, como uma guitarra elétrica e uma escavadeira - depois, as instruções de montagem são postadas on-line.

Os robôs da série Mindstorms, de aparência ameaçadora, não devem ajudar a conter as críticas de alguns fãs de que a Lego está se distanciando demais dos brinquedos que cativaram crianças por gerações. Segundo estudo divulgado este ano por Christoph Bartneck, um ex-funcionário da Lego que é professor da Universidade de Canterbury em Christchurch, Nova Zelândia, os minipersonagens da fabricante de brinquedos ficaram com mais cara de mau nas últimas quatro décadas, à medida que a Lego abraçou temas que remetem mais a conflitos. Um kit baseado na série de TV "Os Simpsons", que deve ser lançado no ano que vem. irritou alguns dos membros da comunidade on-line da Lego, que reclamam que ele não é próprio para o público da empresa. "Lego, não faça os Simpsons!", escreveu um usuário num fórum. "Não é um assunto para crianças! Se vocês fizerem, vou boicotar seus produtos."

Preocupações como essas não têm se refletido nas vendas da Lego, que estão ultrapassando as de suas principais concorrentes, ajudadas pelos novos produtos e pelo crescimento na Ásia. A receita da empresa aumentou 13%, para 10,4 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 1,89 bilhão), na primeira metade deste ano. A receita da concorrente Mattel, de maior porte, aumentou 4% e a da Hasbro, que a Lego superou para se tornar a segunda maior fabricante mundial de brinquedos no início do ano, revelou ligeiro recuo.

A Lego dobrou sua participação de mercado desde 2008, diz Robert Porter, analista da Euromonitor. Entre suas principais congêneres, "a Lego foi a de maior sucesso nos últimos anos", diz ele. A companhia tem cerca de 60% do mercado de brinquedos de montar, que, segundo estima a Euromonitor, crescerá para mais de US$ 10 bilhões até 2017, em relação aos cerca de US$ 7,7 bilhões de 2012.

A Lego está adicionando novas fábricas na China e pretende expandir as vendas no país, num momento em que o aumento da renda elevou a demanda, disse seu principal executivo, Jorgen Vig Knudstorp, à TV Bloomberg em outubro. Em resposta à demanda maior nos mercados emergentes, os novos robôs vêm com versões na língua local em 10 países, como Rússia, China e Coreia do Sul.

Para continuar a encabeçar as listas de presentes de Natal - a empresa obtém 70% de sua receita nos dois últimos meses do ano --, os executivos da Lego dizem que a fabricante precisa continuar a refrescar sua linha sem se indispor com os fãs tradicionais. "Temos de manter essa renovação", afirma o diretor financeiro John Goodwin. Mas isso não quer dizer que não haverá espaço para as tradicionais peças de construção coloridas que há muito são sinônimo de Lego. "Ainda consideramos que a brincadeira física terá um papel fundamental mesmo num mundo digital", diz Goodwin. "A alegria que se obtém com a criação física não pode ser plenamente reproduzida por meio de uma experiência virtual."



Veículo: Valor Econômico


Veja também

A Bauducco acaba de lançar uma nova categoria no mercado: pão de mel

Em dois tipos de embalagens: o formato individual de 30g e a bandeja com quatro unidades de 120g O produto chega ao var...

Veja mais
PepsiCo lança batata Lay’s em embalagem inédita no Brasil

A PepsiCo Brasil traz ao país a batata frita Lay’s. Presente no mercado há 75 anos, a marca est&aacu...

Veja mais
Shopping 'premium' mostra força no ano

O negócio de shoppings é um dos mais rentáveis do mercado de varejo e da construção. ...

Veja mais
Extrafarma quer Ebtida de R$ 300 milhões em 5 anos

A Extrafarma, rede de farmácias com sede em Belém (PA) que foi comprada pela Ultrapar há pouco mais...

Veja mais
Empresário escolhe vida sem luxos

O empresário Estevam Duarte de Assis assinou há três anos um contrato bilionário com o grupo ...

Veja mais
Projeto ‘Colorindo o Interior'aporta em Bauru e oferece oficinas gratuitas de grafite durante a Semana Municipal do Hip Hop

A ação, que tem patrocínio da Mondelēz Brasil, estará na cidade entre os dias 12 e 16 d...

Veja mais
Roupas ganham espaço no carrinho dos supermercados

Seção de vestuário passa a ter mais importância nas redes. Peças da moda respondem por...

Veja mais
Biscoito Oreo chega ao Brasil com exclusividade em rede de supermercado

Diferentes opções de embalagens e preços   O biscoito Oreo, uma das marcas mais valiosas da ...

Veja mais
Bala de goma Fresh em Pequenas Porções de muita Refrescância

Os displays receberam as cores correspondentes aos respectivos sabores, confeccionados em papel cartão contendo 3...

Veja mais