A 'carreira solo' do fundador da Bom Gosto

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Vinte anos depois de fundar a Laticínios Bom Gosto, em 1993, no pequeno município de Tapejara (RS) e três anos após a união da empresa com a Leitbom (subsidiária da Monticiano Participações, da GP Investimentos), o empresário gaúcho Wilson Zanatta decidiu retomar a "carreira solo". Ele comprou da própria LBR-Lácteos Brasil (empresa resultante da fusão de Bom Gosto e Leitbom), hoje em recuperação judicial, a subsidiária BG Uruguai, junto com o projeto de construção de uma planta de processamento de leite no país vizinho.

Veterinário por formação, Zanatta é copresidente do conselho de administração da LBR e não vai deixar o cargo, mas ele vinha sentindo falta de uma participação mais ativa no dia a dia dos negócios. Por isso, decidiu colocar novamente a mão na massa, mas em um mercado onde não será concorrente direto da Lácteos Brasil. Ele disse que não pretende adquirir ativos da LBR no Brasil.

Além disso, foi o próprio empresário quem planejou a unidade no Uruguai, ainda em 2007. Naquele ano, a BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entrou como sócio da Bom Gosto com a integralização de R$ 45 milhões, em valores da época, por uma participação de 23% do capital, o que animou a empresa a pensar em voos mais altos.

Depois da fusão com a Leitbom, porém, o projeto para o país vizinho, orçado em US$ 30 milhões, acabou sendo deixado de lado. O contrato para formalizar a aquisição da BG Uruguai da LBR está sendo finalizado e a operação será paga em dinheiro, mas Zanatta não informou o valor negociado nem as condições de pagamento.

O próximo passo, de acordo com o empresário, será acertar o ingresso de um sócio investidor no projeto. Sem revelar nomes de interessados, que podem ser uruguaios ou não, Zanatta diz que há várias conversas em andamento e que pretende fechar um acordo em questão de poucos meses. Depois disso, será necessário mais um ano e meio para construir a fábrica.

De acordo com Zanatta, a planta ficará em San Jose de Mayo, a 90 quilômetros de Montevidéu, e já recebeu as licenças ambientais. Também obteve a chamada "declaração de interesse nacional", concedida pelo Ministério da Economia do país, que concede isenção temporária de imposto de renda e sobre as importações de equipamentos.

Voltada exclusivamente para exportação, a fábrica terá capacidade inicial de processamento de 600 mil litros diários para a produção de leite em pó e manteiga, explicou o empresário. Em mais dois ou três anos, o plano é ampliar a unidade para 1 milhão de litros por dia e agregar produtos como queijos, creme de leite e leite condensado, explicou o empresário.

"O projeto é rentável, porque é bem focado e terá custos baixos de operação", afirma Zanatta. De acordo com ele, os produtos lácteos fabricados no Uruguai são vendidos em todo o mundo graças aos acordos comerciais mantidos pelo país e à qualidade e sanidade da matéria-prima local.

O anúncio da aquisição da empresa e do projeto no Uruguai por Zanatta acontece pouco tempo depois de a LBR, que tem dívidas estimadas em R$ 1 bilhão, ter seu plano de recuperação judicial aprovado pelos credores.

Antes de aprovar seu plano de recuperação judicial, a empresa estava negociando uma operação de aumento de capital com a francesa Lactalis, mas a transação não vingou. As conversações estavam sendo feitas por meio da italiana Parmalat S.p.A, controlada da Lactalis, que em setembro passado anunciou a interrupção das tratativas.

O negócio esbarrou na situação financeira da empresa brasileira, apurou o Valor. Agora, após a aprovação do plano de recuperação, a direção da LBR já disse estar preparada para considerar alternativas possíveis para sua situação societária, mas isso não significa "necessariamente uma venda para uma empresa europeia", disse o diretor-presidente estatutário da LBR-Lácteos Brasil, Nelson Bastos, no dia da aprovação do plano.



Veículo: Valor Econômico


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