Incerteza leva plano de comprar bem durável ao nível mais baixo em 15 anos

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 São Paulo - A intenção de compra de bens duráveis para o segundo trimestre atingiu 40% este ano, o menor valor para o período desde 2002, segundo o Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar). O resultado mostrou uma retração em relação ao ano passado, e ficou muito abaixo da média histórica da pesquisa, de 57,4%.

 

Os dados, aliados a um cenário ainda de incerteza política e econômica, fizeram com que o Ibevar previsse uma retração de 5,7% nas vendas de abril a junho e de até 7% para o consolidado do ano, no varejo ampliado. "A retomada do crescimento será lenta. O desemprego, um dos principais fatores que impactam no consumo, ainda deve aumentar nos próximos meses, antes de começar a cair", afirma o presidente do instituto, Claudio Felisoni.

 

Ele aponta que a previsão não leva em conta possíveis mudanças no cenário político, como a cassação da chapa Dilma/Temer, o que poderia tornar o cenário ainda mais complicado para o setor.

 

A 'Pesquisa Trimestral de Intenção de Compra', realizada pelo Ibevar desde 2000, mostrou uma queda de 0,2 pontos percentuais na intenção do paulistano de comprar produtos como eletroeletrônicos e móveis no segundo trimestre deste ano, na comparação com o resultado apresentando no mesmo período do ano passado.

 

Os consumidores que pretendem comprar também devem gastar menos do que pretendiam em 2016, sinaliza o estudo. Enquanto no ano passado a expectativa para o período era de um gasto médio de R$ 2.363, na edição deste ano o valor caiu para R$ 2.346.

 

Em relação a intenção de compra por categoria de produtos, o levantamento mostrou que praticamente todas tiveram valores inferiores a média histórica. Os únicos segmentos com o percentual superior foram os de automóveis e motos e material de construção. As variações em relação ao segundo trimestre de 2016, no entanto, foram relativamente pequenas, tanto as negativas quanto as positivas, conta o executivo.

 

Quando se trata da intenção de gastos, por outro lado, as variações foram expressivas. A categoria de móveis, por exemplo, viu uma retração de 33,8% na comparação com a pesquisa do ano passado, passando de uma intenção de gasto de R$ 2.348, em 2016, para R$ 1.555 neste ano. "Ainda há muita incerteza sobre como o cenário deve seguir", diz.

 

Comércio eletrônico

 

No e-commerce, por outro lado, a intenção de consumo para o segundo trimestre apresentou um crescimento, na comparação interanual. O dado, medido em parceria com a E-bit, mostrou um avanço de 4,5 pontos percentuais, atingindo o valor de 85,4% dos consumidores do Estado de São Paulo. De acordo com o CEO da E-bit, Pedro Guasti, o resultado mostra que o setor "já passou o pior momento".

 

O professor do Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), Nuno Fouto, acrescenta que o melhor desempenho da pesquisa de intenção de consumo no e-commerce, na comparação com o varejo físico, se deu porque foram englobadas mais categorias no levantamento.

 

O segmento que mais caiu, segundo a pesquisa, foi o de livros, que apresentou uma variação negativa de 3,82 pontos percentuais, passando de 19% dos consumidores para 15,2%.

 

Outro dado levantado pelo estudo do Ibevar diz respeito a intenção de uso de crediário. De acordo com a pesquisa, houve um aumento de 5,2 pontos percentuais na intenção dos paulistanos de usar o crediário no segundo trimestre deste ano, frente ao resultado do ano passado.

 

 

Fonte: DCI

 

 


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