PIB mineiro fecha 2016 com queda de 2,6%

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O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais recuou pelo terceiro ano seguido. Em 2016, o indicador de geração de riqueza no Estado registrou queda de 2,6% frente a 2015, de acordo com dados divulgados ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP). Apesar de negativo, o resultado mostra desaceleração em relação ao do ano anterior, quando o PIB mineiro encolheu 4,3%, e foi melhor dentre os oito estados brasileiros que medem o índice. Para efeito de comparação, São Paulo teve redução de 3,0% e o Espírito Santo verificou uma retração de 12,2%, a maior entre as unidades federativas que realizam o estudo.

 

O setor agropecuário foi o principal responsável por “segurar as pontas” da economia mineira no ano passado. Com um crescimento de 6,6%, o setor contribuiu para evitar uma queda ainda maior do PIB estadual. Os grandes destaques ficaram por conta das produções do café arábica e da soja, que, em 2016, cresceram 37,1% e 34,7%, respectivamente. O pico da safra, em ambos os casos, ocorreu no segundo trimestre, o único a ter um aumento real no ano (0,1%) no confronto com os três meses anteriores.

 

As culturas de alho (33,6%), batata inglesa (3,9%), cana-de-açúcar (1,3%) e feijão (2,6%) também apresentaram alta na produção no ano. Os demais produtos agrícolas do Estado, entretanto, tiveram retração.

 

“Ao longo dos trimestres, fomos acompanhando os dados, que mostravam que a agropecuária mineira vinha tendo um desempenho muito favorável. Mas em relação a 2015, a queda do PIB já era esperada em virtude do momento atual da economia brasileira. Todos os setores têm passado por dificuldades”, ponderou o pesquisador da FJP e professor do Ibmec, Glauber Silveira.

 

A desaceleração no ritmo de recuo do setor de serviços, segundo Silveira, foi outro fator que ajudou a minimizar o encolhimento da economia mineira. Responsável por cerca de dois terços do PIB local, o segmento retraiu 2,1% no ano passado, contra 2,8% de 2015. Isso só foi possível porque os subsetores de comércio (-5,4%) e transporte (-3,9%) tiveram um desempenho menos desfavorável em 2016 em relação ao ano anterior.

 

Em contrapartida, o subsetor outros serviços, que inclui seguros e previdência complementar, atividades profissionais, científicas, técnicas e administrativas, serviços domésticos, entre outros, foi apontado pelos pesquisadores da Fundação João Pinheiro como um dos grandes vilões para a queda do PIB anual do Estado ao lado da indústria. O recuo em 12 meses foi de 3,1%, contra  queda de 1,9% em 2015.

 

Tropeço - A indústria, como já vinha sendo desenhado ao longo do ano, sofreu o maior tropeço entre todos os setores. O nível de produção do segmento caiu 6,0%, retração gerada, principalmente, pelo mau resultado da indústria extrativa mineral, que encerrou o período com uma variação negativa de 11,2%. O subsetor, que no ano anterior havia crescido 0,5%, sentiu em 2016 as consequências do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, da desvalorização do minério de ferro no mercado externo e do deslocamento da produção mineral para o Norte do País.

 

No quarto trimestre de 2016, o PIB mineiro também registrou redução, tendo sido 0,7% menor na comparação com o período de julho a setembro. Nesta base, as três principais atividades que compõem o indicador tiveram desempenho negativo: agropecuária (-2,2%), indústria (-1,7%) e serviços (-0,9%). No confronto com o mesmo trimestre de 2015, o recuo do PIB foi de 1,8%, sendo que apenas a agropecuária apresentou melhora, com alta de 2,0%. Os setores de indústria e serviços fecharam em -3,6% e -1,9%, respectivamente.

 

Mesmo com os números negativos em 2016, Glauber Silveira avaliou que para este ano há uma expectativa de que o PIB de Minas volte a crescer. “É difícil prever algo para 2017 neste momento do ano. Mas, a partir dos pequenos dados que já temos, como leve recuperação do setor industrial, recuperação do emprego, já é possível imaginar que a economia mineira e a brasileira venham a ter resultados positivos neste ano”, afirmou.

 

 

Fonte: Diário do Comércio de Minas

 

 


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