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A Conab realiza, hoje, mais uma rodada de operações de Pepro e Pep com o objetivo de elevar os valores recebidos pelos produtores rurais do Sul do País

 



São Paulo - Os produtores têm se deparado com um baixo nível de demanda na ponta compradora durante os leilões para garantia de preço mínimo de trigo realizados pelo governo federal. O fato tem dificultado a recuperação das cotações do cereal no mercado nacional.



Hoje, a quarta rodada de operações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), referentes à última safra de inverno, vai oferecer o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) a 307,5 mil toneladas e Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) a 107,5 mil toneladas de trigo em grãos das classes Pão e Melhorador. Os leilões estão em andamento porque no Paraná, maior estado produtor da cultura, o cereal tem sido comercializado a R$ 561 por tonelada, enquanto o valor mínimo estabelecido pela Conab é de R$ 644,17. Entre os triticultores do Rio Grande do Sul, segundos no ranking nacional, a remuneração chega a R$ 463 por tonelada.



"Os leilões ainda não tiveram o efeito desejado. O primeiro, realizado no dia 02 de dezembro, vendeu bem e no segundo não vendemos nada", comentou o assessor técnico e econômico da Organização e Sindicato das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Gilson Martins.



Dados da Conab compilados pela Ocepar mostram que na terceira operação, ocorrida há pouco mais de duas semanas, o Paraná ofertou 50 mil toneladas para Pepro e outras 50 mil pelo Pep, mas negociou apenas 17,6 mil e 10 mil toneladas, respectivamente com os leilões.



O analista sênior da consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco, explica que a estrutura dos leilões, cuja venda só é permitida a estados que não são produtores da cultura, faz com que o cereal fique dependente da demanda externa ou proveniente do Nordeste - ambas com baixos patamares. Nos dois casos é necessário o escoamento por meio de portos, principalmente via Paranaguá (PR), o que aumenta as despesas do agricultor com o deslocamento.



"Para muitos agricultores vale a pena entrar na operação, mas mesmo assim o dinheiro que sobra para pagamento das despesas não fecha a conta, nem mesmo aos produtores que estão mais próximos do porto", comenta Pacheco.



Outro motivo que reduz a liquidez nas negociações é a entrada do produto importado. Segundo a analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Rafaela Moretti Vieira Ribeiro, a diminuição do dólar ocorrida durante 2016 favoreceu a compra de trigo no Mercosul, livre de taxas de importação. "Parte da entrada desse produto coincidiu com o período de colheita nacional, ajudando a pressionar as cotações internas", lembra o analista.



Além disso, "se, de um lado, os menores preços favorecem compradores, de outro, desestimulam produtores, com a área podendo diminuir por mais um ano", destaca a especialista do Cepea. De acordo com a Conab, entre as safras de 2015 e 2016, o plantio teve uma variação negativa de 13,6% e a produção foi salva somente por uma forte elevação na produtividade.

 



Cenário global
Em um horizonte ainda mais amplo, expectativas de acréscimo na oferta global do produto ajudam a pressionar os indicadores do setor ao longo de 2017. Na semana passada, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires revisou as estimativas da colheita de trigo para 15 milhões de toneladas, contra 12,5 milhões de toneladas apontadas anteriormente.



A projeção maior se deve a uma alta na estimativa da área plantada na cultura, para 4,7 milhões de hectares, frente aos 4,3 milhões de hectares previamente indicados pela Bolsa.



"Na Argentina, a projeção do USDA [Departamento de Agricultura dos Estados Unidos] de oferta maior que o consumo deve favorecer moinhos brasileiros. Porém, será necessário avaliar os níveis de taxa de câmbio no Brasil, que influenciará a paridade de importação do cereal", acrescentam os analistas do Cepea, em informativo divulgado ao mercado nesta terça-feira (3).



Martins, da Ocepar, ressalta que a produção global de trigo está estimada em 751 milhões de toneladas pela USDA, para o consumo na média de 734 milhões de toneladas. "Com isso, a relação entre estoque e consumo fica em 34,3%, um número que já esteve em 25%. Quando essa relação aumenta, diminui a necessidade de compra do produto", diz o assessor, e a tendência é de que os preços se mantenham em níveis baixos. "De maneira geral, o mercado acabou se abastecendo", completa ele.

 



Nayara Figueiredo



Fonte: DCI - São Paulo

 

 

 


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