Com maior oferta de rótulos, cerveja sem álcool avança

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Um conjunto de fatores tem favorecido a expansão das vendas de cerveja sem álcool no Brasil, a despeito da queda do consumo de cerveja como um todo neste ano. Do lado da demanda, as regras mais rígidas de trânsito e a busca por opções mais saudáveis e menos calóricas estimulam o consumo. Do lado da oferta, as indústrias investiram na melhoria do sabor da bebida e na diversificação de rótulos.

 

 "Há dez anos, existiam quatro marcas de cerveja sem álcool no Brasil e apenas de cerveja pielsen. Hoje há dezenas de marcas, com opções de trigo, ale, stout", afirma Eduardo Passarelli, professor do Instituto da Cerveja e da Associação Brasileira de Sommeliers. Ele cita como exemplos rótulos Kronenbier, Brahma 0,0%, Itaipava Zero, Bavaria 0,0%, Schin Zero Álcool, Colônia, Estrella Galicia Sem Álcool, Paulaner Hefe-Weiss Alkoholfrei, Erdinger Alkoholfrei, Schneider Weisse TAP 3, e Unertl Alkoholfrei.Passarelli diz que o aumento na oferta de marcas nos bares deve-se não só ao controle mais rígido do trânsito e à busca dos consumidores por opções mais saudáveis de bebidas. "Também houve uma melhora significativa no sabor das cervejas sem álcool, o que tornou a bebida mais atrativa", acrescenta.



Ele estima que as versões sem álcool representem em torno de 1% do volume total de cervejas vendidas no país atualmente, ante 0,65% em 2010, atingindo um volume de 137 milhões de litros. E vê potencial para essa participação chegar a 20% no longo prazo. A própria Ambev anunciou em outubro a meta de ampliar a oferta de cerveja sem álcool ou com baixo teor alcoólico de 1% para 20% até 2025.



De acordo com a empresa de pesquisas Euromonitor International, a Ambev lidera a categoria com a Brahma 0,0%, dona de uma participação de 60,7% das vendas. Alexandre Costa, gerente de marketing de Brahma Extra na Ambev, diz que as vendas da cerveja sem álcool triplicaram desde 2013, quando a marca foi lançada. "Havia um preconceito em relação ao sabor e a visão de que a cerveja sem álcool só servia para quem não podia beber. Hoje o consumidor busca a cerveja sem álcool como opção de saúde", disse Costa.



A Ambev desenvolveu a Brahma 0,0% por três anos e chegou a produzir mais de 84 sabores até chegar ao atual. Costa diz que o processo de fabricação é o mesmo da cerveja tradicional e, ao final, a bebida passa por uma fase de extração do álcool. Com isso, chega-se a um sabor mais próximo da bebida convencional. Esse processo também é usado pela Brasil Kirin (para a Schin Zero Álcool) e pelo Grupo Petrópolis (Itaipava Zero).



As fabricantes utilizavam outro método antes, interrompendo a fermentação da cerveja logo no início, para evitar a transformação do açúcar em álcool. Como consequência, a bebida era mais adocicada que a convencional ou tinha sabor de cereal, o que afastava parte dos consumidores. A Ambev informou que as vendas de cerveja sem álcool registraram "forte crescimento" até setembro, sem citar números ou projeção para o ano.

 

Neste ano, o mercado brasileiro de cerveja sem álcool registra um crescimento de 1,8%, de acordo com a Euromonitor International. Já o mercado total de cerveja encolhe 2% em volume. O aumento das vendas da categoria sem álcool é pequeno, mas confirma o interesse crescente dos consumidores brasileiros. A consultoria estima para o período de 2015 a 2020 um crescimento médio anual de 3% nas vendas da cerveja sem álcool, enquanto para o mercado total de cerveja a previsão é de incremento anual médio de 0,4%. No entanto, nem todas as marcas cresceram neste ano. A Heineken, que tem 6,5% do mercado de cerveja sem álcool com a Bavaria 0,0%, informou que viu as vendas caírem mais que o mercado total de cerveja. O Grupo Petrópolis também informou que suas vendas de cerveja sem álcool tiveram queda.



Eliana Cassandre, gerente de propaganda do Grupo Petrópolis, diz que a companhia planeja lançar uma nova embalagem para a Itaipava Zero e ações promocionais para ampliar a presença da marca em 2017. "O mercado de cerveja sem álcool tende a crescer no Brasil. Além das questões de sabor e consumo responsável, a categoria tem uma penetração de mercado na casa dos 14%, o indica um grande potencial de expansão", diz Eliana.



A Brasil Kirin, que detém 3,7% de participação com a Schin Zero Álcool, não divulgou informações sobre vendas da linha neste ano. Marcio Avolio, gerente de marketing da Brasil Kirin, diz que a participação da cerveja sem álcool é ainda pequena no mercado, mas acredita no potencial de crescimento da categoria.

 




Por Cibelle Bouças

 


Fonte: Valor Econômico

 

 

 


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