Incentivados pela disparada de preços deste ano, os produtores do Paraná devem aumentar a área destinada ao milho e ao feijão no ano que vem, segundo pesquisa de intenções divulgada ontem pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (Seab). A semeadura das principais safras das duas culturas terá início em janeiro, e a busca por sementes já começou.
Segundo a pesquisa, a produção paranaense de milho safrinha poderá bater um novo recorde e chegar a 13,5 milhões de toneladas se as condições climáticas forem favoráveis. Em 2016, com clima adverso por conta do El Niño, foram 10 milhões de toneladas. "Apesar de estar menor do que alguns meses atrás, o preço do milho, cerca de R$ 29 a saca, continua acima dos custos de produção. No ano passado, nessa mesma época o milho era vendido por R$ 24. O maior preço atingido foi em maio deste ano, R$ 40", diz análise divulgada pelo Deral.
Esses valores já incentivaram o cultivo na temporada de verão desta safra 2016/17 e a área dedicada ao milho no Estado cresceu 20% na comparação com o ciclo anterior, para 497,8 mil hectares. Segundo o Deral, embalada pelo clima favorável a produção de verão deverá aumentar 32% e chegar a 4,4 milhões de toneladas.
No caso do feijão, a expectativa é de aumento de 11% na área de cultivo de segunda safra (a principal), para 226,4 mil hectares, e aumento de produção de 40%, para 417,5 mil toneladas.
Na primeira safra, que já começou a ser colhida, a área de plantio cresceu 7% na comparação com 2015, para 197,1 mil hectares. De acordo com Carlos Alberto Salvador, engenheiro agrônomo do Deral, no início do plantio, entre agosto e outubro, houve uma perda de 5% devido a temperaturas abaixo da média, mas as condições melhoraram em novembro. Hoje, ele avalia que 79% das lavouras estão em boas condições e que 14% foram colhidas.
A expectativa é que o volume total colhido de feijão na primeira safra ultrapasse 293 mil toneladas, 18% mais que na primeira safra de 2015. Desse total, 57% da produção corresponde a lavouras com feijão preto e 43% com feijão de cor, variedade que corresponde quase exclusivamente ao carioca.
Segundo Salvador, agora está entrando feijão novo no mercado, de boa qualidade, e quem apostou no plantio do feijão preto terá uma rentabilidade maior, diferentemente do que ocorreu este ano, quando os preços do feijão de cor explodiram. O feijão preto está sendo vendido, em média, por R$ 193 a saca e o de cor, a R$ 153. Em agosto, o feijão de cor foi vendido por R$ 376 e o preto, a R$ 210.
Salvador ressalta ainda que, se as condições climáticas mantiveram-se favoráveis, as três safras de feijão cultivadas no Estado deverão render um volume total de 766 mil toneladas, 29% acima produzido nas três safras do ciclo anterior.
Por Fernanda Pressinott
Fonte: Valor Econômico