IPC-S deve desacelerar para 0,90% em fevereiro, após 1,78% em janeiro, prevê FGV

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                                       Alívio no custo de alimentos e energia elétrica contribui para o indicador perder força neste mês.

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) de fevereiro deve desacelerar para 0,90%, após fechar janeiro em 1,78%, como estima o coordenador do indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti. Segundo ele, a previsão de alívio nos preços de alimentos in natura, de menor pressão em energia elétrica, em passagem aérea e em tarifa de transporte urbano deve abrandar o IPC-S deste mês.

Picchetti disse que pesquisas mais recentes mostram que os preços de algumas hortaliças estão desacelerando. Além disso, passada a temporada de férias espera-se que tarifas de avião (3,45%) também deem alivio, assim como as de energia elétrica (2,69%). "E ainda vão sair os impactos de cursos regulares", afirmou.

O clima desfavorável pressionou principalmente o segmento de hortaliças e legumes, que já vinha pressionado no ano passado, e saltou de 8,46% em dezembro para 18,63% no mês passado. Já o grupo Alimentação saiu de 1,75% para 2,25% no período, conforme a FGV.

Segundo Picchetti, cebola (26,39%), batata (12,13%), tomate (27,33%) e cenoura (39,30%) devem diminuir o ritmo de alta em fevereiro, como mostram pesquisas recentes. "O grande alívio deve vir dessa combinação de educação, energia, passagem aérea com esses quatro produtos alimentícios", disse. "Hortaliças e legumes devem estabilizar, mas ainda podem ficar em nível elevado", considerou

A despeito dessa percepção, Picchetti avalia que o IPC-S ainda deve seguir elevado em fevereiro. "A previsão é praticamente a metade do que foi janeiro. É uma redução significativa, mas, em termos relativos, absolutos e de média mensal, está longe de ser um número que cumpra o centro da meta (4,50%)", ponderou.

No segundo mês de 2015, o IPC-S ficou em 0,97%. Para o fim de 2016, a projeção da FGV para o IPC-S foi mantida em 7,30%. "Também deve desacelerar bem ante 2015 (10,53%), mas vai longe do teto da meta (6,50%)", reforçou.

Câmbio

No IPC-S de janeiro, o economista da FGV observou que os preços de aparelho de TV deram uma guinada, ao subirem 1,67%, depois da deflação de quase 2% em dezembro. "É um bom exemplo de produto que pode estar sentindo as pressões do câmbio mais depreciado", argumentou.

Já na seara dos alimentos, o pão francês, item que mais sente e de forma mais rápida os efeitos do câmbio, ficou praticamente acomodado, com taxa de 0,11% em janeiro. "Já vinha subindo antes", disse.

Difusão

Apesar das pressões pontuais no IPC-S de janeiro, como os impactos dos reajustes em mensalidades escolares e de transporte urbano, a inflação mensal segue bastante elevada e espalhada, segundo Picchetti. "Tanto que o indicador de difusão (80,59%) ficou no maior nível para um fechamento de mês e também da série histórica, que começou em janeiro de 2003", disse.

Naquela ocasião, o índice de difusão - que apura o quanto a inflação está disseminada - chegou a 78,86%, que agora é o segundo patamar mais elevado da série. Em dezembro de 2015, a difusão foi de 77,35%.

As principais influências no indicador de janeiro vieram de gastos escolares e transporte urbano, disse Picchetti. Com os aumentos promovidos no começo do mês passado em algumas capitais do País, a variação do item tarifa de ônibus urbano no IPC-S de janeiro ficou em 6,62%, contribuindo com 0,21 ponto porcentual no resultado do IPC-S do período. Na sequência, aparecem cursos regulares, com alta de quase 10% e impacto de 0,24 ponto porcentual.

Picchetti considerou o resultado do índice de difusão "horroroso", pois, combinado com o resultado da medida de núcleo do IPC-S de janeiro, de 0,89%, ante 0,79% no último mês do ano passado, reforçam a pressão inflacionária no mês. "Mesmo tirando essas influências pontuais, o IPC-S está bastante elevado, e acima de janeiro de 2015 (1,73%)", reforçou.

Em 12 meses terminados em janeiro deste ano, o núcleo do IPC-S ficou em 8,55%, em relação aos 8,44% anteriormente. O resultado ficou acima do apurado pelo IPC-S, na mesma base de comparação, que avançou para 10,59%, ante 10,53% no fechamento de dezembro. Na margem, o IPC-S acelerou para 1,78%, ficando perto do esperado por Picchetti (1,80%). Em dezembro, o índice tinha fechado em 0,88%.

 



Veículo: Jornal Estado de Minas - MG


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