Brasileiros utilizam mais dinheiro em espécie

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                         Dados do Banco Central apontam que cresceu o uso de papel-moeda (cédulas) na economia até maio, enquanto a circulação de recursos através de contas correntes (depósitos à vista) diminuiu



São Paulo - As famílias brasileiras estão com mais dinheiro no bolso e menos recursos depositados nas contas correntes. Diante do cenário, entidades que representam os bancos e as empresas de cartões buscam formas de estimular os meios eletrônicos de pagamentos.

Dados do último boletim de crédito do Banco Central apontam que a média diária de papel-moeda (cédulas) em circulação no País aumentou 9,2% em maio, em relação ao mesmo mês de 2014, para R$ 163 bilhões.

No mesmo período, os depósitos à vista, que representam o dinheiro das contas correntes - e consequentemente os recursos usados para pagar as faturas dos cartões e os cheques -, registraram queda de 2,3%, para R$ 143,26 bilhões.

Os números mostram uma inversão de cenário: até meados do ano passado, o volume de moeda escritural (das contas correntes) era maior que a quantidade de papel-moeda em poder do público.

Para se ter uma ideia, em janeiro de 2013, R$ 160,66 bilhões circulavam pelas contas correntes, enquanto R$ 139,83 bilhões estavam nos bolsos dos consumidores.

Camilla Pires, analista de riscos da consultoria GoOn Risk, afirmou que a inversão dos meios de pagamentos pode estar relacionada ao ambiente macroeconômico e à cultura do brasileiro.

"Em cenário de crise e quando há um aumento dos juros, como está acontecendo no País, as pessoas começam a poupar mais", observou. "Normalmente, se investe em títulos, mas no Brasil as pessoas não possuem essa cultura e têm segurança maior com o dinheiro na mão", completou.

Segundo Celso Grisi, presidente do Instituto Fractal, o movimento também está relacionado às tarifas cobradas pelos bancos para manutenção das contas e dos serviços oferecidos, como os cartões.

"Essas cobranças prejudicam a renda. São alguns reais que fazem uma grande diferença no final do mês", disse.

Desestímulo às cédulas

Segundo o Banco Central, R$ 1,18 trilhão foi sacado dos caixas eletrônicos (ATM, em inglês) no ano passado, um avanço de 10,25% sobre 2013.

Na semana passada, Raul Moreira, vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), informou para jornalistas que a entidade, em parceria com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), estuda várias propostas para entregar à autoridade monetária buscando desestimular o uso do papel-moeda.

De acordo com ele, a ideia é impulsionar o uso dos meios eletrônicos de pagamentos.

Camila, da GoOn, aponta que o avanço do uso de cartões guarda uma correlação direta com o aumento do volume vendas, principalmente no varejo, além de ajudar a reduzir a informalidade da economia - as transações seriam mais facilmente rastreáveis.

"Com o cartão de crédito, a pessoa pode usar a renda futura para fazer compras", disse.

Segundo a analista, o movimento também ajudaria a aumentar a segurança dos estabelecimentos comerciais e dos consumidores, que menos necessidade de cédulas.

Do lado negativo, Camila apontou as altas tarifas para manutenção da conta e de cartões e um consumidor ainda mais dependente das instituições financeiras.

"Os bancos têm atuações semelhantes. O consumidor tem pouca escolha sobre juros e tarifas. Junto com a redução da circulação de papel-moeda, seria necessário um avanço na regulação", avaliou.



Veículo: Jornal DCI


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