Gasolina pesa, mas IPCA-15 não deve furar meta

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O impacto remanescente do reajuste dos preços da gasolina nas refinarias e as pressões sazonais típicas de fim de ano devem ter acelerado a taxa de inflação na primeira quinzena de dezembro. Segundo economistas, além dos preços maiores do combustível, alimentos e passagens aéreas serão as principais influências de alta sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15).

 

 

 



Após ter ficado em 0,38% em novembro, a média de 18 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data indica que a prévia da inflação oficial subiu 0,75% no último mês do ano. Se confirmada essa projeção, a inflação acumulada pelo IPCA-15 terminará 2014 em 6,42%, dentro do limite permitido pelo sistema de metas, mas no maior nível desde 2011, quando o indicador aumentou 6,56%. O resultado será divulgado amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com previsão de avanço de 0,73% para o IPCA-15 de dezembro, o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, afirma que alimentos e transportes terão peso maior na inflação do período. Em suas estimativas, o grupo alimentação e bebidas subiu de 0,56% para 0,85%, influenciado pela falta de chuvas, que prejudica a produção de itens in natura e pressiona os preços das carnes, por causa do pasto mais seco.

Nesse último caso, Leal acrescenta que também há impacto da demanda externa aquecida, que pode diminuir se a Rússia reduzir suas importações. De qualquer forma, diz o economista, os alimentos in natura costumam desacelerar rapidamente passados os efeitos dos choques climáticos, mas as carnes, que devem ter aumentado 4% no IPCA-15 deste mês, ainda são fonte de preocupação para o início de 2015. "O impacto maior da inflação de preços agropecuários no atacado ainda está vindo das carnes. A expectativa é que os alimentos não ajudem a inflação no começo do ano", diz.

Leonardo Costa França, da Rosenberg & Associados, afirma que o maior volume de exportações para a Rússia provocou alta além do padrão sazonal das carnes neste mês. Para França, o IPCA-15 aumentou 0,75% no período, com alta de 0,88% no segmento de alimentação. Outro impulso significativo e relacionado à sazonalidade, segundo ele, deve partir das passagens aéreas, que, em seus cálculos, deram um salto de 30% em dezembro, depois de terem caído 2,35% na medição anterior.

Ao lado das passagens aéreas, a correção de 3% da gasolina nas refinarias, efetuada em 7 de novembro, elevou a inflação de transportes a 1,36%, calcula Leal, do ABC. De acordo com o economista, o combustível deve ter ficado também 3% mais caro nas bombas durante o período de apuração do IPCA-15.

Já França destaca o reajuste de 19,2% das tarifas da Light, do Rio, autorizado também no início do mês passado. Em função desse aumento, ele estima que o grupo habitação vai avançar de 0,56% para 0,78% na passagem mensal, com alta de 1,5% na taxa de energia elétrica residencial.

Por outro lado, os efeitos da atividade econômica mais fraca devem continuar moderando repasses em outros grupos de preços, diz. Nas projeções da Rosenberg, os artigos de vestuário cederam de 0,42% para 0,37% no período, enquanto os artigos de residência subiram apenas 0,14%, ante 0,31% no mês passado.

Leal, do ABC, também avalia que a estagnação da atividade já está se refletindo sobre a inflação, o que não impede, no entanto, que os serviços tenham aceleração neste mês, devido ao aquecimento da demanda típico de fim de ano. Ele trabalha com alta de 0,54% para 0,91% dos serviços pessoais entre novembro e dezembro, enquanto o item empregado doméstico deve ter passado de 0,38% para 0,57%.

Para 2015, é esperado que os serviços subam na casa de 7%, cerca de um ponto percentual do patamar esperado para este ano, prevê o economista-chefe do ABC. "A única chance de termos uma inflação abaixo do teto da meta em 2015 é com ajuda dos serviços, compensando um pedaço da alta dos preços administrados", disse.



Veículo: Valor Econômico


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