P&G e Bombril insistem no sabão líquido

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O consumidor brasileiro sempre torceu o nariz para o sabão líquido para roupas. O Omo Líquido, que a Unilever lançou em 1999, saiu do varejo em 2004, por falta de mercado. Mas, duas concorrentes, Procter & Gamble e Bombril, voltaram a insistir no produto em 2008 e apostam que neste ano ele irá deslanchar. Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, por exemplo, onde o detergente líquido tem 77% do mercado, a versão em pó é a preferida do brasileiro. 

 

A versão em pó já teve presença em 99,9% dos lares do país, segundo pesquisas da Latin Panel. Mas com os novos lançamentos líquidos, esse percentual caiu agora para 97,9%. 

 

A primeira a se arriscar nessa seara foi a Bombril, que lançou o Tanto Líquido em março do ano passado. Em seguida, veio o Ariel Líquido, da P&G, que chegou às prateleiras cinco meses depois. Até então, o consumidor só havia tido duas experiências com detergente líquido para roupas: com o finado Omo Líquido, e os produtos de nicho, para lavar roupas pretas ou delicadas. A diferença agora, é que as novas marcas de detergente líquido estão conquistando uma fatia do mercado de sabão. 

 

Segundo a Latin Panel, a participação de mercado do líquido, há um ano, antes dos lançamentos de Ariel e Tanto, eram de 0,9% do faturamento do setor de sabão para roupas, que responde anualmente por R$ 3,1 bilhões em vendas. Hoje, incluindo, além das duas novas marcas, o Ypê Líquido, da Química Amparo, e o BioWash, da Cassiopéia, essa participação cresceu para 2%. Ou seja, as vendas mais que dobraram, passando de R$ 28,143 milhões ao ano para R$ 62,540 milhões. 

 

"O que difere a situação (atual) da de 2004 é que o consumidor está agora mais aberto a novidades do que há cinco anos", explica Maria Eugênia Saldanha, diretora-executiva da Abipla, a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins. Isso tanto é verdade que, segundo o consultor de varejo, Eugênio Foganholo, os supermercados têm hoje 15% mais variedade de itens que há dois anos. "Muitas vezes o consumidor entra no mercado só para ver o que há de novo", diz ele. 

 

As novidades, pelo menos no que tange ao sabão líquido, também estão mais baratas. No passado, a versão vendida em frascos custava até 30% mais que a caixinha de sabão em pó. Hoje, sai em média 10% a mais e, em alguns casos, o preço é igual. "Mesmo um pouco mais caro, o desembolso a mais é de cinqüenta ou sessenta centavos, ou seja, é baixo", diz o executivo da P&G. 

 

Na Bombril, os executivos comemoram as vendas de Tanto Líquido, 35% acima das expectativas na data do lançamento. 

 

"Os varejistas estão dando mais espaço para este produto na gôndola e a idéia é posicioná-lo ao lado do Tanto em pó para que a consumidora perceba a equivalência em preço e qualidade", diz Cristiane Ferreira, gerente de produto da fabricante nacional. Ela explica que a versão líquida assim como a em pó têm o mesmo rendimento. Ou seja, um litro de detergente para roupas rende o mesmo número de lavagens que um quilo do pó. 

 

A vantagem para o consumidor, segundo ela, é que o líquido dilui mais fácil na água e portanto não forma resíduos (como aquelas bolinhas de sabão em pó que às vezes se formam na roupa). Além disso, o líquido pode ser usado na pré-lavagem, como tira-manchas, com aplicação direto no tecido. 

 

Para a indústria, entretanto, o novo formato é um alívio, principalmente para a área de desenvolvimento de novos produtos. "O mercado de produtos de limpeza vive de novidades", explica Maria Eugênia, da Abipla. Na área de sabão em pó, os fabricantes já lançaram de tudo: versão "pétalas de orquídeas", "um dia no parque", poder "tripla ação", "oxi barras", "active clean", cheiro de "férias de verão", de "pureza da manhã", de "violetas com menta" ou "maciez do bebê", entre outros artifícios. "É um setor quase esgotado. Mudar de formato é uma boa saída para os fabricantes", explica a especialista. 

 

Até agora, essa solução parece estar dando certo. Tanto é que a meta das indústrias fazer com que a participação da versão líquido cheque a 7% das vendas do setor até o final do ano, alcançando R$ 218 milhões. 

 

A Unilever, porém, prefere ver de fora o crescimento desse mercado. Dona de quase metade das vendas do setor com suas marcas Omo, Fofo, Brilhante, Surf e Ala, a empresa não tem planos de voltar ao formato líquido. "A preferência entre as consumidoras continua sendo pelo detergente em pó", divulgou a empresa ao Valor, por meio de assessoria de imprensa. 


 
Veículo: Valor Econômico


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