Fim das sacolas plásticas no varejo beneficiou indústrias.
A Lei nº 9.529/2008, que proíbe o uso de sacolas plásticas no comércio belo-horizontino, completa amanhã um ano em vigor e uma de suas conseqüências foi o aumento da produção e venda de sacos de lixo. Isso porque, antes do veto, as sacolas plásticas, distribuídas gratuitamente aos clientes nos estabelecimentos comerciais, serviam também para condicionar resíduos. Segundo a Associação Mineira dos Supermercados (Amis), foi observado um crescimento de 15% nas vendas desse item, com relação ao que era comercializado antes da regra.
As indústrias que antes tinham as sacolas plásticas como carro-chefe foram obrigadas a se readaptar a fim de evitar prejuízos. A Panterplast, que fica no bairro Vista Alegre, região Oeste da capital, observou um aumento de 50% na demanda por sacos de lixo, em relação ao período que antecedeu à proibição, número acima da média divulgada pela Amis. Com isso, a empresa informa que não teve necessidade de dispensar nenhum funcionário, pois aqueles que antes atuavam na fabricação das sacolas plásticas, passaram a trabalhar na produção de sacos de lixo.
A Panterplast enfatiza que a concorrência dos sacos de lixo, sempre acirrada, aumentou ainda mais após a lei entrar em vigor. Para não perder mercado, ela investiu em aumento da qualidade e evita ao máximo repassar reajustes aos seus clientes. Com relação à sacola plástica, a empresa se adaptou e passou a produzir as biodegradáveis e compostáveis, permitidas pela legislação.
Entretanto, não foi possível evitar um recuo de 70% na produção, já que o novo modelo acarreta em um custo para o consumidor que varia entre R$ 0,15 e R$ 0,22. Mesmo investindo também na fabricação de outros produtos, que têm o plástico como base, a produção geral fechou em queda de 20% em 2011.
Mercado - Apesar de não fabricar as sacolas plásticas, a Plásticos Pampulha (Plastipam), localizada na região da Pampulha, também na capital mineira, aumentou a produção de sacos de lixo em 10%, após a aplicação da lei. Segundo o diretor da empresa, Oswaldo José de Faria, a nova demanda gerou a necessidade de aumentar a equipe de pessoal na mesma proporção.
Mas, assim como a Panterplast, ele reforça a importância de manter o olho na concorrência para manter o produto competitivo no mercado. "De 2011 para agora, nosso preço não sofreu nenhum reajuste, nem o da inflação", informa.
Segundo a Amis, como Belo Horizonte foi pioneira nesse tipo de projeto, acreditou-se que, em um primeiro momento, a população seria mais resistente e aderisse lentamente à iniciativa. Mas, na prática, observou-se que as pessoas se ajustaram com uma velocidade maior que a esperada.
Vale ressaltar que, para ser comercializada em Belo Horizonte, a sacola plástica deve ser biológica, tendo como base de fabricação o amido de milho. Essa é, aliás, a única maneira dele ser biodegradável e compostável, simultaneamente. Já o saco de lixo deve ser apenas biodegradável, podendo ser, portanto, feita com material reciclado. A Amis também informa que, desde o veto, as vendas de sacola plástica caíram 97%.
Com as restrições, algumas empresas optaram por explorar novos mercados. Esse foi o caso da Equi Plastic, em Cataguases, na Zona da Mata mineira. "Como já atendia a outras cidades do interior de Minas Gerais e outros estados da região Sudeste, como Espírito Santo e Rio de Janeiro, onde a lei ainda não se aplica, percebi que, para mim, o mais vantajoso seria alterar a minha rota e explorar mais esses locais, ao invés de mudar a forma de fabricar os produtos", explica a gerente administrativa Maria José Lima. A estratégia parece ter funcionado, pois, o quadro de colaboradores permanece com os mesmos 102 funcionários.
Veículo: Diário do Comércio - MG