Dificuldades conseguem colocar do mesmo lado a indústria e o comércio

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Pressionados pela crise, os dois elos da cadeia aumentaram a troca de informações - muitas delas sigilosas - para reduzir perdas; o resultado foi tão bom que a ação vai continuar daqui para frente

 

São Paulo - Pressionados pela queda no consumo durante a crise, varejistas tiveram de diminuir seus custos operacionais e apertar os níveis de ruptura a fim de reduzir os efeitos da recessão. Uma das saídas nesse sentido foi se aproximar de fornecedores e alinhar estratégias conjuntas para que os dois lados conseguissem passar pelas turbulências.

 

O estreitamento das relações com a indústria permitiu até a troca de informações antes consideradas sigilosas, como índices periódicos de vendas. A mudança vem garantindo a algumas redes do comércio não só sobreviver ao cenário negativo, como colher frutos da união, economizando até meio milhão ao ano em função de uma simples medida.

 

"Conseguimos, por exemplo, reduzir em 30% o índice de ruptura nos produtos de perfumaria. Isso representa uma economia de R$ 500 mil e só foi possível graças ao trabalho de parceria. No caso do segmento (perfumaria), nos sugeriram mudar as gôndolas", explicou a coordenadora de prevenção de perdas da Cooperativa de Consumo (Coop), Vanessa Silva.

 

Segundo ela, outras estratégias conjuntas foram elaboradas para os setores de açougues, onde houve redução de 10% nos índices de perdas, e de bebidas, onde em parceria com a Red Bull, foi instalada uma câmera de segurança que cortou o número de furtos do item em 30%. "Hoje, nosso índice de perdas é de 2,8%. Fruto de parcerias estratégicas com os distribuidores". Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o nível de perdas do setor é de, em média, 3,8%.

 

Tendência

A aproximação com os fornecedores tem ganhado relevância no setor. De acordo com uma pesquisa da Advantage Brasil, em 2011, a gestão colaborativa ocupava o 14º lugar no ranking de prioridades do varejo. Neste ano, o tema é o 8º colocado, e deve subir mais.

 

"A nossa previsão é de que o Brasil continue amadurecendo nisso. É um processo contínuo e não necessariamente ágil porque as empresas precisam sentir os benefícios para que elas adotem a prática. Em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Canadá, por exemplo, isso é praxe do mercado", analisa a country manager da Advantage Brasil, Ana Fioratti.

 

A companhia analisa os temas prioritários para o varejo e a indústria em 42 países.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), este é um caminho sem volta. "Isso é mais realidade no varejo alimentar. Ainda não acontece muito em outros segmentos, mas é um processo sem volta. As empresas já perceberam que a colaboração dá mais resultados do que a relação antagônica de disputa", diz o presidente da SBVC, Eduardo Terra.

 

Na prática

Outro exemplo de frente colaborativa com impacto positivo nas vendas foi visto na rede de supermercados Pague Menos e na fabricante de bebidas Ambev. Por meio de um sistema que ganhou o nome de Vendor Management Inventory (VMI), a varejista conseguiu reduzir o número de dias de estoque, além de otimizar a logística.

 

"Nosso fill rate [volume de pedidos do varejo atendidos pela indústria], que antes era de 75%, pulou para 85%, nesse caso. Com outros fornecedores, conseguimos uma taxa até mais alta", revelou o coordenador de inteligência de mercado da rede Pague Menos, Diego Cicconato. Além do fill rate, o projeto ajudou a elevar em 39% as vendas das bebidas, reduziu a ruptura e elevou em 7% o nível de serviços. Recentemente, Coop e Walmart mostraram interesse em participar do projeto VMI,espelhadas nos bons resultados entre Pague Menos e Ambev.

 

 

 

 

Fonte: Jornal DCI

 


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