Lucro da Grendene cai para R$ 243,2 milhões

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A fabricante de calçados Grendene obteve lucro líquido de R$ 243,2 milhões em 2008, queda de 8,4% em relação a 2007, quando registrou ganho de R$ 265,4 milhões. No quarto trimestre a queda foi de 16,4% em relação a igual período do ano anterior, passando de R$ 100,7 milhões nos três últimos meses de 2007 para R$ 84,1 milhões.

 

O diretor de Relações com Investidores da Grendene, Francisco Schmitt, afirmou que, em 2008, o resultado da empresa foi afetado por dois fatores.

 

"No primeiro trimestre nossa exportação cresceu bastante, mas com taxa de câmbio desfavorável. Estas vendas externas contribuíram para o lucro da companhia, porém bem menos se comparado a outros momentos, com câmbio em patamar normal. O outro determinante ocorreu no quarto trimestre, quando tínhamos taxa de câmbio favorável, mas a queda da demanda no mercado interno foi mais intensa", disse ele.

 

Ajuste de produção. Segundo o executivo, o recuo da procura por calçados obrigou a empresa, em dezembro, a antecipar o ajuste da capacidade de produção, para adequar-se à menor demanda. Tradicionalmente este ajuste é feito no início do ano.

 

A receita líquida da Grendene atingiu R$ 1,324 bilhão em 2008, valor 4% acima do registrado no ano anterior, quando o faturamento líquido ficou em R$ 1,273 bilhão. No último trimestre de 2008, a receita líquida foi de R$ 427,7 milhões, 3,2% abaixo da registrada em igual período de 2007 (R$ 441,6 milhões).

 

Segundo Schmitt, a queda da demanda no último trimestre surpreendeu a companhia. Para o executivo, os lojistas deixaram de comprar para repor estoques a tal ponto que houve falta de produtos em alguns estabelecimentos. Embora a empresa ofereça financiamento aos seus clientes, a falta de crédito foi um dos determinantes do recuo.

 

"Talvez o comportamento do crédito do consumidor tenha sido afetado, embora não seja significativo no setor. Mas as empresas, com dificuldades em financiar capital de giro, retraíram-se. A questão do crédito afetou a decisão do lojista em comprar", disse Schmitt.

 

Quando divulgou o resultado do terceiro trimestre de 2008, em novembro, a empresa já havia informado que a receita líquida ficaria abaixo do inicialmente esperado. No final do ano, o menor desempenho do mercado interno, foi quase totalmente compensado pela expansão das exportações. As receitas bruta com as vendas externas aumentaram 92% em relação ao acumulado dos últimos três meses de 2007, para R$ 146,9 milhões, ante queda de 21% das vendas ao mercado interno, na comparação entre os mesmos períodos.

 

Divulgação de guidance. Ao divulgar seus resultados relativos a 2008, a Grendene informou que alterou a divulgação de guidance que, desde 2004, era relativa aos dois trimestres seguintes. Na sexta-feira, a empresa informou que, a partir de agora, divulgará as previsões para prazo mais longo e divulgou o prognóstico para o período 2009-2013, que prevê expansão média anual da receita bruta de 8% a 12%, crescimento médio do lucro entre 12% e 15% para o mesmo período e manter as despesas de propaganda e publicidade em média entre 8% e 10% da receita líquida.

 

Segundo Schmitt, o comércio exterior terá papel mais importante na expansão da empresa nos próximos anos.
"O mercado internacional de calçados é estimado em 14 bilhões de pares, e a Grendene, que é o maior exportador de calçados do Brasil exportou em 2008 41 milhões de pares. Então, a participação brasileira no mercado mundial de calçados é muito pequena. Agora, estamos mais otimistas, porque temos taxa de câmbio mais favorável, pois o real desvalorizou-se também em relação à moeda chinesa. Além disso, mesmo na época menos favorável, durante o período de real valorizado, a Grendene cresceu em média 17% nas exportações", afirmou ele.

 

De acordo com o executivo, a participação do Brasil no mercado internacional de calçados já foi muito grande na década de 70, mas hoje é irrisória. Justamente por ter participação pequena é que o setor no País não deverá ser afetado pela crise internacional.
"Temos espaço muito grande para crescer, mesmo em cenário de crise, afinal nossa venda para o mercado externo é muito pequena para ser afetada por oscilação da demanda total do mundo. Temos muito clientes para conquistar, por termos preço mais competitivo e marcas conhecidas. A Grendene vende para 90 países de forma diluída. Queda de exportação para determinado mercado poderá ser compensado em outros países", disse ele.

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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