Mercearias resistem ao tempo

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                                                   Concorrência dos supermercados leva pequenos negócios de bairro a buscar novas estratégias para fidelizar os clientes e manter as portas abertas.

Elas tomaram as ruas do Recife ainda no período colonial e foram responsáveis por inaugurar a atividade comercial do varejo nos bairros. Pontos de encontro para conversas e reuniões familiares, além de centros de abastecimento da despensa em tempos que não havia supermercados, as mercearias seguem resistentes ao tempo. Mesmo com a chegada das grandes redes e a oferta variada de produtos naturais e industrializados, os pequenos negócios resistem e procuraram se adaptar para não perder o freguês. Entre as estratégias, regalias como entregas em casa e o velho “fiado” para os mais chegados, além do aumento de produtos diferentes daqueles encontrados em supermercados.

Produtos de limpeza, arroz, feijão, sal, açúcar, ovos, caixas de fósforo, pequenos utensílios domésticos, pão, salgadinhos, bolacha, temperos, azeite. O casario secular abriga a Mercearia Nabuco, no bairro de Casa Amarela, que sustenta a família de Arthur Araújo, 75, desde os anos 1960, vende de tudo um pouco. Nos últimos 15 anos, para enfrentar a concorrência dos grandes mercados, o comerciante resolveu diversificar ainda mais. Ampliou a oferta de itens de padaria oferecidos na venda, como bolos, bolachas, biscoitos, pães e salgadinhos. “Antigamente eu podia me sustentar só vendendo sal, açúcar, feijão. Mas o pessoal tem muita opção de mercado hoje em dia. Precisei diversificar. Quanto mais itens ofereço, mais atraio a freguesia.”

A estratégia vem dando certo. “Tem funcionado, principalmente porque ninguém quer passar muito tempo na fila do supermercado”, conta Arthur Araújo. O cuidado no atendimento também é diferencial na Mercearia Nabuco. “Ele é muito chato, mas é carismático e os clientes gostam dele. Arthur sempre atende de forma atenciosa e conversa com todo mundo, e esse atendimento mais pessoal do que no supermercado é atrativo. Assim todo mundo volta sempre, os pais vão trazendo os filhos e mantemos a mercearia aberta”, afirma a esposa e parceira de negócios, dona Lindalva, 78. Além dos industrializados, a venda comercializa alimentos como queijos e carne de sol, famosos graças à qualidade.

“Compro de fornecedores especiais há muito tempo, é coisa boa, viu? Não é só propaganda não. Muita gente só compra comigo porque a carne é bem macia e salgada na medida certa. E o queijo não é desses que se esfarelam fácil”, garante o comerciante Arthur Araújo. A poucos quilômetros da Mercearia Nabuco, no Poço da Panela, outro senhor criou os filhos com uma mercearia, que sobrevive até hoje. Como não há supermercados no bairro e os moradores precisam ir até Casa Amarela para recorrer a estabelecimentos de grande porte, a venda de seu Vital Barros, 77, faz pequenos complementos na despensa dos moradores.

“Antigamente eu vendia a granel, em sacas que variavam de 250 gramas até 3 quilos. Hoje, com a industrialização pesada, vendo igual aos supermercados, mas compenso nas pequenas encomendas do dia a dia, como pães, ovos, cerveja, refrigerante”, comenta seu Vital. Quando têm alguma emergência, os moradores do bairro sabem que podem ir até a venda. Comandando a mercearia há 48 anos, seu Vital conta como faz para seduzir ainda mais os moradores do Poço. “Cliente antigo tem direito a preços especiais, entrega em casa e pode até comprar fiado.” Assim, não tem quem resista.

 



Veículo: Jornal Diário de Pernambuco


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